Lingotes de ouro (KTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
As cotações internacionais do ouro estão caindo de forma expressiva desde abril deste ano, com o valor da onça que chegou para menos de US$ 1,7 mil.
A mesma cotação do ouro de 2012, antes de uma queda que levou o mineral a ser cotado em US$ 1,1 mil em 2015.
As cotações do ouro caíram por cinco semanas seguidas. Algo que não ocorria desde 2018.
Somente em março, logo após a guerra na Ucrânia, o ouro tinha subido para US$ 2.069 a onça.
Entretanto, hoje a guerra na Ucrânia e a inflação na Europa acabaram em segundo plano nos radares do mercado. Com isso, o ouro parou de brilhar.
Os temores de uma recessão global agora são os dominantes, e o dólar parece ser o único refúgio para os investidores.
Com isso, o lingote se tornou alvo de vendas cada vez mais intensas.
E muitos analistas estão considerando como muito provável que o ouro se mantenha sob pressão por causa da força do dólar, que chegou em sua máxima dos últimos 20 anos.
O UBS, por exemplo, está prevendo que o ouro continue caindo para US$ 1,6 mil a onça até o final do ano.
Além disso, a rápida subida das taxas de juro nos EUA desincentiva a manutenção de uma carteira que não pague juros (ou dividendos). O que é o caso do ouro.
O Federal Reserve (Fed) está determinado a apertar ainda mais agressivamente a política monetária, e as taxas podem subir até um ponto percentual na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) previsto para os dais 26 a 27 de julho.
O ouro, na verdade, não é o único material que está perdendo valor muito rapidamente nas últimas semanas.
Em geral, os investidores estão fugindo de todo o setor de commodities.
O cobre caiu para a mínima desde 2020, o petróleo caiu abaixo de US$ 100 o barril, ambos com queda de mais de 30% em relação às altas recentes.
O ouro, na verdade, é uma commodity muito peculiar, com características semelhantes às moedas, e por isso sofre de fragilidades específicas.
Mas não consegue evitar de ser atingido pela onda de liquidações que atinge o setor de forma indiscriminada, já que está incluído nos índices de commodities.
Segundo o World Gold Council, os ETFs sobre o ouro não estão mais interessando os investidores.
Em maio houve resgates líquidos de 53 toneladas, em junho de outras 28 toneladas. E essa saída continua em julho também.
O maior ETF de ouro, o SPDR Gold Trust, já sofreu liquidações de mais de 30 toneladas.
Entre os analistas, o pessimismo é generalizado. Mas também há quem esteja convencidos de que há uma chance de recuperação.
O ouro, segundo o banco alemão Commerzbank, pode voltar a ser um bem refúgio caso os EUA realmente entrarem em recessão.
"É uma das razões pelas quais esperamos preços mais altos nos próximos meses e trimestres. Dito isso, porque isso possa acontecer é necessário que as saídas ainda fortes dos ETFs terminem e que um interesse de compra retorne ao mercado", aparece em um relatório do banco alemão.
Enquanto isso, na última sexta-feira, 15, a União Europeia (UE) e o G7 aprovaram a proibição da importação de ouro da Rússia.
Entretanto, segundo muitos analistas, a medida é simbólica, pois os russos encontrarão outros canais de escoamento de seu mineral, e por isso ninguém espera repercussões no mercado que influenciem os as cotações internacionais do ouro.