Raízen: Empresa já tinha feito uma emissão de CRA verde no mercado interno (Foto: Divulgação) (Raízen/Divulgação)
Marcelo Sakate
Publicado em 25 de dezembro de 2020 às 17h54.
Última atualização em 25 de dezembro de 2020 às 18h20.
Em sua aguardada carta trimestral, a gestora Dynamo analisa fatores que envolvem o crescimento de empresas. Com o título "Caminhos do Crescimento", os sócios de uma das mais longevas e bem-sucedidas gestoras do país mantêm a tradição de análises aprofundadas, com muita base teórica, para discutir razões determinantes que podem explicar não só crescimento passado como também que podem levar a esse objetivo, com base em lições a serem seguidas.
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O interesse e a escolha do tema não são aleatórios. Descrevem os autores da carta com objetividade e precisão: "Crescimento é a essência da atividade empresarial (...) Para o investidor, trata-se de uma dimensão fundamental. Fatorar adequadamente as oportunidades de crescimento configura o principal critério de demarcação entre um investimento bem ou mal sucedido."
"Crescimento antecipado no valuation e não entregue se traduz em perda patrimonial certa, no ajuste implacável das expectativas frustradas. Crescimento não antecipado pelo mercado e efetivamente entregue pela companhia constitui o graal da assimetria almejada por qualquer investidor."
Na carta recém-divulgada, a Dynamo seleciona alguns casos no Brasil e no mundo como exemplos de empresas que conseguiram alcançar o crescimento por meio de quatro possibilidades estratégicas de crescimento, descritas na Matriz de Ansoff, um clássico da literatura do planejamento estratégico:
O Dynamo Cougar, o principal fundo de ações da casa e um dos maiores do país, acumulava alta de 30,9% nos 12 meses até novembro, muito superior à variação de 1,7% do IBX e da queda de 0,6% do Ibovespa no período.
Para os interessados, deixamos aqui o link para a Carta da Dynamo com a recomendação de leitura para quem quer aprender mais sobre o que observar em empresas quanto o assunto é crescimento. Abaixo 5 casos analisados na carta:
"A Weg é outro exemplo de extraordinário sucesso de como uma companhia foi expandindo seu portfólio de produtos a partir do núcleo central de seu negócio pioneiro da manufatura de motores elétricos. Uma característica marcante da forte cultura empresarial da Weg tem sido um entendimento profundo das necessidades de seus clientes. Desde o início, em círculos concêntricos, a companhia foi agregando negócios adjacentes, tais como fabricação de máquinas de grandes portes, acionamentos, transformadores, tintas industriais e automação."
"A Alpargatas é um exemplo de como se pode continuar extraindo valor de um mercado core aparentemente já maduro. Em 2005, a companhia vendia 136 milhões de pares de sandálias Havaianas no mercado doméstico, para uma população de 184 milhões de habitantes. Em tese, três em cada quatro brasileiros teriam adquirido um par. Uma proporção extraordinária, que parecia intransponível, em se tratando de um produto de consumo 'acessório'. Nada disso."
"Em 2019, a companhia registrou venda de 212,9 milhões de pares, atingindo o equivalente a um par por habitante. Uma gestão mais granular da marca, com segmentação de mercado e aumento no número de SKUs, permitiu um acréscimo de venda de quase 65 milhões de pares no período, ou 44% de crescimento sobre a base-'teto' de 2005. E parece haver ainda mais oportunidades. Talvez não na mesma intensidade de expansão de volume, mas de extração de valor na cadeia de distribuição, principalmente."
A consagrada holding de Warren Buffett é apresentada como o caso mais conhecido de companhias que fazem da diversificação seu principal negócio, "o modelo mais extremo da estratégia orientada para aquisições".
"Originada em uma empresa têxtil nos anos 60 que posteriormente veio à falência, sob a longeva e incomparável batuta da dupla Buffett/(Charles) Munger, a Berkshire transformou-se em uma fábrica de aquisições bem sucedidas, tornando-se uma das maiores empresas do mundo em valor de mercado."
"Sabendo dos desafios inerentes às reconfigurações empresariais, em uma carta recente endereçada aos seus investidores, Buffett lembrou o conselho de um membro do board da Berkshire. Simples e especialmente útil para quem queira frequentar o métier das aquisições: “para conquistar a reputação de um bom gestor, certifique-se de comprar bons negócios”.
Na mesma linha de análise da Berkshire, a carta da Dynamo aponta a Cosan como empresa-holding que escolheu o caminho da diversificação.
"A partir do negócio original de açúcar e álcool, a companhia aproveitou oportunidades para acelerar crescimento tornando-se uma holding com investimentos em distribuição de combustíveis, lubrificantes, geração de energia, concessionária de distribuição de gás natural, já tendo feito um spin off dos investimentos em logística."
"Com isso, a Cosan conseguiu diluir a volatilidade típica de uma commodity (açúcar) de seu negócio pioneiro construindo um portifólio de investimentos mais robusto e resiliente. A recente crise dos mercados provocada pela covid-19 traz um exemplo gráfico dos benefícios de uma diversificação bem sucedida. As ações da Cosan experimentaram um drawdown menor do que seus pares São Martinho (açúcar e álcool), Ultrapar e BR Distribuidora (distribuição de combustíveis) muito em função da sua base diversificada de negócios."
"O efeito portfólio dos investimentos deixou nos investidores uma percepção de gestão de risco superior."
"A Localiza, por exemplo, tem experimentado expressivo crescimento em receitas com aluguel de diárias para motoristas de aplicativos e para pessoas físicas que abriram mão de seu carro próprio. Atenta a estas transformações, a companhia passou a oferecer recentemente a nova modalidade de leasing para pessoa física."