Sede do HSBC, em Londres (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2011 às 16h21.
São Paulo – A BM&FBovespa (BVMF3) pode ser beneficiada pelo aumento do volume das negociações no mercado de renda variável como resultado do ciclo de afrouxamento monetário deflagrado pelo Banco Central, de maneira inesperada, no final do mês de agosto.
O BC cortou o juro em 0,5 ponto percentual no dia 31 de agosto, levando a Selic para o patamar de 12% ao ano. Os papéis da bolsa brasileira dispararam 8,3% na sessão seguinte, enquanto o Ibovespa subiu 2,9%. Em 2011, os ativos apresentam uma desvalorização de 28,9%.
“O volume médio negociado (ADTV) possui uma forte correlação negativa com as taxas de juros e tem aumentado na Bovespa e BM&F após um corte na Selic. Pode haver algum potencial de alta para nossas projeções de 2011 e 2012 se as taxas caírem mais rápido que o esperado”, afirma o HSBC em relatório assinado por Paulo E. Ribeiro e Mariel Santiago.
A expectativa do banco é de que a Selic caia para 11% ainda neste ano e rume até os 10% em março de 2012. A estimativa anterior à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) era de 12,5% ao ano para ambos os períodos. O HSBC manteve a recomendação de alocação acima da média (overweight) às ações da bolsa, com um preço-alvo de 11,60 reais.
“No segmento Bovespa, o aumento no valor negociado é explicado parcialmente por uma história de fluxo de recursos em que mais investimentos se deslocam de instrumentos de renda fixa para ações em busca de um melhor perfil de risco/retorno”, ressaltam os analistas.
Para o segmento BM&F, onde os contratos de taxa de juros compõem mais de 50% do total negociado, o novo perfil do BC também poderá beneficiar. Segundo o HSBC, os contratos “geralmente veem um aumento nos volumes considerando a incerteza que cerca as decisões do Copom”, dizem.
Apesar da forte correlação com o volume negociado na bolsa, o banco lembra que o mesmo não acontece com o preço das ações da bolsa. Para os analistas, o risco de medidas macroprudenciais ainda constitui um vento desfavorável. “Acreditamos que esses riscos continuarão constituindo um fator, pois o cenário econômico (no Brasil e globalmente) ainda está muito inquieto”, ressaltam.
O governo anunciou no final de julho a sua medida mais dura para conter a valorização do real em relação ao dólar. As operações de derivativos cambiais foram taxadas em 1%, mas o percentual pode subir para 25% caso o Conselho Monetário Nacional (CMN) decida fazê-lo.