Copom: às 9h20, o DI para janeiro de 2014, era negociado a 9,26%, de 9,28% no ajuste de ontem (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2013 às 09h43.
São Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central preferiu a cautela. Após manter o ritmo de alta da Selic em 0,5 ponto porcentual e repetir o comunicado divulgado ao fim da reunião de agosto, o BC fez o mesmo nesta quinta-feira, 5, e publicou uma ata praticamente igual à de julho.
As mudanças ficaram limitadas à questão fiscal, que deixará de ser expansionista, na visão do BC, e ao nível de estoque da indústria, que não está mais ajustado. As trocas no texto são, portanto, insuficientes para alterar as apostas no mercado de juros.
Ao contrário, ao reafirmar que "entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso", a autoridade monetária reforça a visão dos investidores de que estão previstas novas altas de 0,5 pp nos próximos encontros. A questão cambial, com taxa de câmbio de R$ 2,4 usada nas projeções do BC, também deve pesar.
"A ata sinaliza alta de 0,50 em outubro e acho que ele deixou a porta aberta para ir subindo", diz um operador de mercado, em relação ao documento. Nesse cenário, a Selic poderia atingir 10% no fim do ano e avançar ainda mais em 2014. A curva de juros já precificava essa possibilidade na tarde de ontem. Os contratos de juros futuros indicavam duas altas de 0,5 pp neste ano e outra de mesma magnitude em janeiro. O prêmio total embutido nos DI para 2014 levaria a Selic para um patamar próximo de 12%.
Às 9h20, o DI para janeiro de 2014, era negociado a 9,26%, de 9,28% no ajuste de ontem, enquanto o contrato para janeiro de 2015 subia para 10,58%, máxima do dia, de 10,53% na véspera. Na parte longa da curva, o DI para janeiro de 2017 avançava para 11,89%, também na máxima, de 11,79% ontem.
De acordo com a ata do Copom, que elevou a Selic para 9% ao ano na semana passada, o aumento da taxa básica de juros contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano. A ata continua explicando que, tendo em vista os danos que a persistência desse processo de deterioração das expectativas causaria à tomada de decisões sobre consumo e investimentos, é necessário que esse movimento seja revertido "com a devida tempestividade". O BC repetiu ainda que continua "vigilante".
Ainda segundo a ata, no cenário de referência, foi utilizada uma taxa de R$ 2,40 ante cotação de R$ 2,25 usada na reunião do Copom de julho. Na quarta-feira da semana passada, dia da decisão do colegiado, o dólar valia R$ 2,3460. Nas vésperas, porém, o dólar quase chegou em R$ 2,45. O cenário de referência utilizou também uma taxa Selic maior em agosto, de 8,50% ao ano, do que a usada na decisão anterior, de 8,00% ao ano.
No cenário de referência, de acordo com a ata, a projeção para a inflação de 2013 manteve-se estável em relação ao valor considerado na reunião do Copom de julho. Portanto, permanece acima da meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo BC com analistas de mercado às vésperas da reunião do Copom, a projeção de inflação para 2013 elevou-se em relação ao valor considerado na reunião de julho.
Para 2014, no cenário de referência, a projeção de inflação manteve-se estável em relação ao valor considerado na reunião do Copom de julho e aumentou no cenário de mercado - nos dois casos, está acima da meta de 4,5%.