Banco Central. (Arquivo/Agência Brasil)
Bloomberg
Publicado em 12 de junho de 2022 às 17h10.
Última atualização em 12 de junho de 2022 às 23h39.
O mercado espera a decisão do Copom, o Comitê de Política Monetária brasileiro, atento à sinalização sobre final ou extensão do aperto monetário. O maior risco de volatilidade, porém, deve vir da reunião do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, sobre os juros no país. Ambas decisões serão divulgadas na próxima quarta-feira, 15.
Na última sexta-feira, 10, as curvas futuras subiram e pressionaram o dólar, após os dados da inflação americana terem vindo acima do esperado. Falas dos presidentes do Fed e do Banco Central Europeu, e decisões dos bancos centrais britânico e japonês também afetam juros externos.
Na China, dados econômicos devem mover os preços das commodities. No Brasil, a semana encurtada pelo feriado de Corpus Christi começa com a estreia das novas ações da Eletrobras (ELET6) na B3. A empresa foi privatizada em um processo de follow-on, concluído na semana passada. Por fim, o Congresso pode votar desoneração de combustíveis e energia.
Confira abaixo todos os eventos da semana:
O mercado espera que o Banco Central eleve a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25%, na quarta-feira. Os juros futuros caíram após o IPCA vir abaixo do previsto na quinta-feira, 9 mas o mercado segue dividido sobre se o aperto monetário será encerrado, como já sinalizou o BC, ou será estendido.
A curva de juros mantém a previsão de uma elevação de 0,25 ponto percentual em agosto. Antes do Copom, ainda saem os dados de serviços de abril e o IGP-10 de junho, que não costumam ter peso substancial na política monetária. Com o feriado de Corpus Christi na quinta-feira, o mercado doméstico só reagirá à decisão do BC na sexta.
A inflação dos EUA em maio superou as estimativas, tanto no índice cheio quando no núcleo, e reforçou a expectativa de um Fed mais agressivo na quarta-feira. A maior alta de preços em 40 anos levou o mercado a projetar mais três altas de 0,50 ponto percentual até setembro pelo Fomc.
A curva dos títulos de dívida americanos se inverteu diante do receio de que o aperto cause uma recessão. Jerome Powell, presidente do Fed, falará após a decisão dos juros na quarta, e em conferência sobre o dólar dois dias depois.
Os EUA têm agenda movimentada de dados, que incluem PPI e vendas no varejo. Já a zona do euro terá falas de vários dirigentes do BCE, incluindo Christine Lagarde, no dia 15. O Banco do Japão também se reúne na próxima semana, mas sem expectativa de alta de juro, ao contrário do Banco da Inglaterra, que deve elevar sua taxa.
Os preços das commodities devem seguir oscilando ao sabor das notícias sobre Covid na China, mas também podem reagir a dados importantes de atividade do país nos próximos dias.
A expectativa é de queda tanto da produção industrial quanto das vendas do varejo na segunda maior economia do mundo. O minério de ferro caiu pelo segundo dia consecutivo em Singapura, com sinais de que a saída da China das restrições contra o surto de coronavírus, que vinha gerando otimismo, não deve ser suave.
Em razão disso, as ações da Vale estão ficaram entre os destaques negativos na bolsa brasileira neta sexta-feira e o petróleo aprofundou a baixa.
O Congresso analisa dois projetos para ajudar o governo a aliviar a inflação, que pode sofrer pressão adicional caso a Petrobras decida repassar aos seus preços a alta recente do petróleo.
O primeiro desafio, no Senado, será aprovar, já na segunda-feira, o PLP 18, que limita a 17% o ICMS dos combustíveis e energia, além de outros preços. O projeto já foi aprovado na Câmara. Analistas esperam que este alívio de imposto diminua a inflação em no mínimo 1 ponto percentual neste ano.
O outro projeto, que gera receios no mercado pelo impacto fiscal, é a chamada PEC dos combustíveis, que o governo também quer aprovar no início da semana. A emenda é destinada a compensar os estados pela perda com o ICMS menor até o limite de R$ 29,6 bilhões.
Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, devem participar de discussão na comissão de integração nacional, que incluirá os aumentos dos combustíveis.
A estreia das novas ações da Eletrobras acontece na segunda-feira. A oferta de ações no processo que reduz a presença do governo em seu capital levantou cerca de R$ 33,7 bilhões e mostrou demanda robusta. O apetite dos investidores pode favorecer IPOs recentemente anunciados, da BRK Ambiental e Corsan, esta última também uma privatização. A ação ON da Eletrobras mostra volatilidade e oscilou entre baixas de 3,1% e 7,6% na última sexta-feira.