Radar: mercado repercute decisão de corte em 0,25 p.p. da Selic (Pedro França/Agência Senado/Flickr)
Repórter de finanças
Publicado em 9 de maio de 2024 às 08h32.
Última atualização em 13 de maio de 2024 às 13h00.
O mercado internacional opera majoritariamente negativo na manhã desta quinta-feira, 8. Nos Estados Unidos, todos os índices futuros caem. Já na Europa, o mercado abriu sem direção única em dia de decisão da política monetária por lá. Na Ásia, as bolsas fecharam mistas com as da China continental e de Hong Kong se fortalecendo após dados chineses de comércio exterior melhores do que o esperado. Por aqui, apesar da redução no ritmo de corte de juros, o Ibovespa futuro sobe.
Pela sétima vez seguida, nesta quarta-feira, 8, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu novamente a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira. Entretanto, ao contrário das reduções anteriores de 0,50 pontos percentuais (p.p.), o Banco Central (BC) reduziu o ritmo e optou por cortar 0,25 p.p., levando a Selic para o patamar dos 10,50%. em uma decisão dividida.
Apesar de um movimento mais contracionista, o mercado não foi pego de surpresa. A decisão era esperada após a mudança na meta fiscal pelo governo, o que afetou as expectativas de inflação. Como os diretores do BC não sinalizaram se manterão o ritmo de cortes nas próximas reuniões, agora a dúvida que paira no mercado é quando o ciclo de queda se encerrará. A certeza é de que esse ciclo será menor do que o projetado antes. A mediana das apostas está em 9,63% ao ano, segundo o Focus. Há quatro semanas estava em 9% ao ano.
O tom mais “hawkish” (mais duro) do comunicado acende um sinal de alerta entre os investidores. “O BC deixou em aberto os próximos passos, mas o tom é mais duro, sinalizando maior cautela e que ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, apontou Marcelo Bolzan, planejador financeiro, CGA e sócio da The Hill Capital. Entretanto, taxas de juros mais altas podem favorecer a renda variável, o que pode ser explicado pela reação ontem e hoje do Ibovespa.
Na agenda internacional, destaque para as importações da China, que avançaram 1,5% em abril de 2024, frente ao mesmo período de 2023, após caírem 7,5% em março, segundo dados publicados pelo órgão alfandegário do país nesta quinta-feira, 9. O resultado superou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam alta de 1,3% das exportações.
Na comparação de 12 meses, as importações chinesas em abril deram um salto de 8,4%, revertendo a queda de 1,9% registrada em março. Essa performance também superou as expectativas da FactSet, que apontavam para um aumento de 4,0%. Em abril, a China acumulou um superávit comercial de US$ 72,4 bilhões, um valor maior do que o saldo positivo de US$ 58,6 bilhões observado em março e acima da projeção da FactSet, que era de US$ 71 bilhões.
Já na Europa, é a vez do Banco Central da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidir os próximos passos de sua política monetária. Com mais cautela, as bolsas europeias abriram perto da estabilidade, o que mostra uma pausa depois de acumularem ganhos nos três últimos pregões. Em 11 de abril, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros inalteradas: taxa de juros de referência (4,5% ao ano); taxa sobre depósitos (4% ao ano); e taxa sobre empréstimos marginais (4,75% ao ano).
O mercado também digere hoje o anúncio da joint venture entre Rede D’or (RDOR3) e Bradesco (BBDC4). Ao contrário do Copom, o mercado foi pego, sim, de surpresa. Em comunicado, a Rede D’or anunciou uma joint venture com a Atlântica, braço de investimentos do Bradesco em hospitais. Esse movimento marca uma aproximação entre os dois principais players do mercado de saúde do país, que vinham mantendo uma relação cada vez mais tensa.
Inicialmente, a parceria se concentrará em três hospitais que já estão em construção e devem ser concluídos ainda este ano: o Macaé D’or, no Rio de Janeiro, e o São Luiz Alphaville e o São Luiz Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Juntos, esses empreendimentos demandarão investimentos de R$ 1,16 bilhão, sendo que mais da metade desse valor já foi aportado pela Rede D’or.
Com uma participação de 49,9% na joint venture, o Bradesco assumirá metade dos investimentos, proporcionando um alívio de despesas de capital para a Rede D’or em um momento de alto endividamento. Além disso, a parceria garantirá o credenciamento do Bradesco, que representa 25% da receita da Rede D’or, para seus projetos greenfield.