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Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2010 às 22h41.
Mata de São João, BA - A capitalização da Petrobras não deverá ser tão elevada que prejudique os minoritários e nem tão baixa que desagrade o governo, avaliou o consultor da estatal Carlos Henrique Castro, há 31 anos na empresa.
Segundo ele, não há necessidade de um exagero nessa que ele considera "a primeira de algumas capitalizações que serão feitas pela companhia para o pré-sal."
"Essa capitalização não precisa ser tudo de uma vez, porque no futuro pode haver outras, é um processo natural", explicou Castro a jornalistas após palestra no XI Encontro de Conselheiros da Previ.
A Petrobras pretende realizar até o fim de julho o que pode ser o maior aumento de capital do mundo, estimado em cerca de 50 bilhões de dólares, sendo 32 por cento destinados ao governo brasileiro e o restante para os acionistas minoritários.
Os recursos têm por objetivo cumprir o Plano de Negócios da companhia para o período 2010-2014, que foi discutido nesta quinta-feira pela diretoria da empresa e na sexta será apreciado pelo Conselho de Administração.
Para o consultor, o Plano de Negócios provavelmente não vai ultrapassar o teto de 220 bilhões de dólares já anunciados pela estatal. Segundo a Petrobras, o plano para o período deve demandar entre 200 e 220 bilhões de dólares.
"Deve ficar no que a diretoria falou, não deve passar, a empresa sabe das implicações que isso teria no mercado", estimou.
De acordo com Castro, o valor do barril de petróleo que será usado para precificar a cessão onerosa --blocos cedidos pela União à Petrobras sem licitação em troca indireta por ações da empresa-- estará mais para 5 dólares, o piso das estimativas de mercado.
"Se a cessão vem com preço alto, o investidor não vai gostar", avaliou.
O consultor informou ainda que para fazer caixa também com objetivo de investir no pré-sal, a Petrobras vai acelerar a produção nas descobertas feitas recentemente na bacia de Campos, maior região produtora do país, mas cujo declínio de produção poderia torná-la menos importante no futuro, diante das grandes descobertas na região do pré-sal da bacia de Santos.
"Vai acelerar a produção. Claro que não é coisa para amanhã, mas com as facilidades de estrutura da bacia de Campos, em menos de dois anos devem estar produzindo", informou ele, ressaltando que o fato de já haver estrutura de produção perto das novas descobertas facilita a operação.
Desde o início deste ano, a Petrobras anunciou pelo menos mais três descobertas relevantes do pós-sal e pré-sal da bacia de Campos, perto de estruturas de produção já montadas, o que vai facilitar a interligação dos novos poços aos sistemas em operação.
"Precisamos de geração de fluxo de caixa, a ideia é antecipar a produção nesses campos," explicou.