• Sensus mostra Dilma e Serra no limite do empate técnico

• Na Bovespa, Eletrobras chama atenção de analistas
• Projeções de juros caem; profissionais citam pesquisa

  Por Silvio Cascione

  SÃO PAULO, 14 de outubro (Reuters) - Após um primeiro turno
  morno para investidores, o recente avanço do candidato da
  oposição José Serra (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto
  para a eleição presidencial começa timidamente a provocar
  ajustes e reavaliações nos mercados brasileiros, afirmaram
  analistas e operadores nesta quinta-feira.

  O efeito mais visível foi sobre os juros futuros, com queda
  das projeções. [ID:N14141106]

  Na bolsa, analistas associaram a maior possibilidade de
  vitória do tucano à alta recente das ações da Eletrobras
  . [ID:nN14138232]

  No câmbio, operadores também citaram o avanço de Serra,
  embora destacassem que outros fatores tiveram peso para a alta
  do dólar nesta sessão. [ID:N14134191]

  Pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta quinta-feira mostrou
  empate técnico entre os presidenciáveis Serra e Dilma Rousseff
  (PT). Considerando as intenções de voto, Dilma tem 46,8 por
  cento contra 42,7 por cento de Serra. [ID:nN14106657]

  Como a margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos
  percentuais, no limite a petista teria 44,6 por cento e o
  tucano teria 44,9 por cento da preferência do eleitor.

  "Sem dúvida, o fator mais importante (no mercado de juros
  futuros) foi a surpresa de um empate técnico tão cedo nas
  pesquisas", disse Paulo Nepomuceno, economista da Coinvalores
  Corretora, sobre a queda dos juros futuros.

  Nos últimos dias, pesquisas dos institutos Datafolha, Ibope
  e Vox Populi também mostraram uma diferença menor entre os dois
  candidatos à Presidência do que apontavam anteriormente.
  [ID:nB112408] [ID;nN13282811] [ID:nN13247604]

  De acordo com Tony Volpon, chefe de pesquisa para mercados
  emergentes nas Américas da Nomura Securities, o mercado espera
  que Serra reduza mais as despesas públicas, o que diminuiria a
  necessidade de um aumento do juro.

  Na bolsa, o efeito mais nítido foi sobre as ações da
  Eletrobras , que lideraram o índice
  Ibovespa durante a maior parte do pregão. A ação ordinária da
  estatal fechou em alta de 1,34 por cento nesta sessão, a 24,95
  reais.

  Do fechamento da Bovespa em 1o de outubro, último pregão
  antes do primeiro turno das eleições, até esta quinta-feira, as
  ações da Eletrobras acumulam ganho de 15 por cento, enquanto o
  Ibovespa subiu cerca de 2 por cento.

  Para o analista Rafael Quintanilha, da Brascan Corretora, a
  eventual eleição de Serra traria um "perfil mais técnico" para
  a gestão da Eletrobras. O mesmo analista, no entanto, citou que
  as ações da empresa estavam defasadas em relação ao setor.

  No mercado de câmbio, o dólar subiu 0,48 por cento nesta
  quinta-feira, a 1,663 real. No exterior, a moeda
  norte-americana cedia contra uma cesta de moedas .

  Vários profissionais citaram a subida de Serra nas
  pesquisas como um fator que influenciou o dólar, mas ponderaram
  que outros movimentos, como ajustes no mercado internacional e
  a preocupação com novas medidas do governo brasileiro sobre o
  câmbio, também pesaram.

  "O Serra claramente tem se expressado em prol de um câmbio
  mais depreciado aqui. Essa pesquisa (CNT/Sentus) pode estar
  fazendo algum preço", disse Luciano Rostagno,
  estrategista-chefe da corretora CM Capital Markets.

(Reportagem adicional de Carolina Marcondes, José de Castro
e Samantha Pearson; Edição de Cesar Bianconi e Alexandre
Caverni)