Radar: temor em relação ao conflito no Oriente Médio pressiona preço do petróleo para cima (Kawnat HAJU/AFP)
Repórter de finanças
Publicado em 2 de outubro de 2024 às 08h38.
Os mercados internacionais operam em baixa na manhã desta quarta-feira, 2, com investidores mais cautelosos após a escalada do conflito no Oriente Médio. À espera de mais dados de emprego e com o aumento do risco geopolítico, os índices futuros dos Estados Unidos caem.
Baseado nos mesmos direcionadores, as bolsas da Europa operam majoritariamente em queda, à exceção do Reino Unido e da França. Na Ásia, as bolsas também fecharam com desvalorização - com exceção da bolsa de Hong Kong, que ainda reflete o otimismo dos investidores com a China, e da própria China, que segue com as negociações paralisadas devido ao feriado.
Após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometer retaliar o bombeiro de mísseis balísticos do Irã contra o país, o petróleo, tanto a referência Brent como a WTI, disparam e sobem mais de 3% na manhã desta quarta-feira.
No começo da noite desta terça-feira, 1º, o Irã lançou cerca de 180 mísseis contra Israel em resposta ao assassinato de vários líderes do Hezbollah, realizado por forças israelenses nos últimos dias. O grupo extremista Hezbollah, do Líbano, é um dos integrantes de uma organização chamada Eixo da Resistência, apoiada pelo Irã - ambos, adversários de Israel.
O embaixador israelense junto à Organização das Nações Unidas (ONU), Danny Danon, disse que a resposta ao Irã será "dolorosa". Daniel Hagari, porta-voz do governo de Israel, também reforçou que o bombardeio do Irã será respondido. "Este ataque terá consequências. Temos planos e vamos agir no tempo e lugar em que escolhermos", disse.
O ataque de mísseis contra Israel gera temores de uma guerra mais ampla no Oriente Médio, o que afetaria diretamente o fornecimento de petróleo. Hoje, Teerã, capital do Irã, produz 3 milhões de barris por dia, seu melhor número desde 2019.
A semana segue com a divulgação de uma bateria de dados de emprego nos Estados Unidos que podem ditar o rumo da política monetária por lá. Ontem, o Departamento do Trabalho divulgou o relatório Jolts.
Segundo o documento, houve a abertura de 8,04 milhões de vagas de trabalho nos setores não-agrícolas em agosto. O número veio melhor do que o esperado pelo mercado, que projetava a abertura de 7,67 milhões pelo consenso LSEG. Em julho, os novos postos de trabalho somaram 7,711 milhões (valor revisado para cima de 7,673 milhões).
Hoje, será a vez do relatório ADP. O consenso da LSEG projeta uma criação de 120 mil vagas em setembro, que será divulgado às 9h15, ante os 99 mil do mês anterior. Já na sexta-feira, 4, será divulgado o payroll, junto com a taxa de desemprego de setembro, que são os dados mais relevantes para o Federal Reserve (Fed, banco central americano).
A Moody's surpreendeu o mercado ao elevar a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, mantendo uma perspectiva positiva. A agência destacou o crescimento robusto da economia brasileira e as reformas implementadas nos últimos anos como os principais fatores para a revisão, apostando que o país continuará nesse ritmo.
A revisão ocorre poucos meses após a agência ter atribuído a perspectiva positiva ao rating do país, em maio de 2024, o que reforça a tendência de melhora das notas de crédito, iniciada em 2023. Essa melhora coloca o Brasil a apenas um passo do grau de investimento pela Moody’s.
A decisão da Moody's gerou expectativas sobre se outras agências seguirão o mesmo caminho. No entanto, a Fitch, por exemplo, já indicou que não deve alterar a classificação brasileira por enquanto.
No mercado, a notícia da elevação impactou os contratos de juros e o dólar futuro, que caíram, mas o grosso dos desdobramentos deve acontecer nesta quarta-feira, durante a abertura dos mercados.
Por aqui, o destaque é o número da produção industrial de agosto. As estimativas da Genial Investimentos apontam para uma alta mensal de 0,1%, ante a queda de -1,4% em julho. Já na comparação anual, a projeção aponta para uma alta de 2,2%, ante a valorização de 6,1% no mês anterior.
Confira a agenda de autoridades locais e internacionais: