A reação da economia do Reino Unido oferece um bom paralelo para o que provavelmente acontecerá na zona do euro (PHAS/Getty Images)
Mesmo diante das dificuldades para conter a pandemia de coronavírus, a Europa viu as taxas de infecção na maioria dos países caírem nas últimas semanas. Isso porque as vacinações estão em um ritmo surpreendente.
Isso significa que a abertura total da maioria dos serviços neste verão -- no Hemisfério Norte -- parece provável, reaquecendo fortemente a economia. Há boas chances de que as curvas de juros da zona do euro se inclinem em breve e a moeda do bloco se fortaleça, apontam Nick Andrews e Cedric Gemehl em relatório da EXAME Gavekal Research.
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Com a rápida vacinação da população nos países europeus, aproximadamente 65% dos adultos estarão imunizados até o fim de junho. A comparação com a trajetória do Reino Unido -- onde 65% dos adultos já receberam uma dose da vacina -- permite prever sinais de melhoria na economia da zona do euro.
No Reino Unido, os números do PMI (Índice dos Gerentes de Compra, que mede a atividade econômica de um país) começaram a subir em fevereiro frente aos níveis da UE em razão do sucesso da implementação da vacinação local.
“A trajetória do Reino Unido oferece um bom paralelo para o que provavelmente acontecerá nas economias da União Europeia”, destacam os especialistas da Gavekal Research. De acordo com eles, a expectativa é que o setor de serviços da Europa siga estritamente o caminho do Reino Unido.
Na indústria, no entanto, isso não é tão garantido. “Enquanto a forte demanda por bens ajudou a empurrar os índices dos gerentes de compra (PMI) de fabricação na zona do euro para um recorde de 63,3 pontos em março, as fábricas enfrentam escassez de muitos insumos”, alertam os especialistas da Gavekal Research.
Diversas empresas na Europa estão comunicando dificuldades no recebimento de peças-chave em seus respectivos setores industriais. A crise de semicondutores, por exemplo, ainda atinge a produção de carros na região.
O relatório da EXAME Gavekal Research aponta que os mercados financeiros da zona do euro estão atrasados em relação à recuperação observada nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas isso pode mudar.
Caso o plano de vacinação siga a direção atual e a velocidade em que se encontra, os países da zona do euro poderiam experimentar uma inclinação da curva de juros -- ou seja, a alta dos juros futuros --, como já acontece em outros países onde as taxas de vacinação aceleraram e as perspectivas de crescimento melhoraram.
Isso, consequentemente, levaria a uma valorização do euro em relação ao dólar americano e à libra esterlina na segunda metade do ano, de acordo com os especialistas de uma das maiores casas de análises do mundo.