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Como o Inter pretende crescer de forma sustentável após resultado positivo no 2º tri

Holding do banco digital pretende equilibrar as despesas, buscando participação de mercado e monetização

Fachada do Inter: holding do banco digital apresentou seu primeiro balanço após migração para os EUA (Inter/Divulgação)

Fachada do Inter: holding do banco digital apresentou seu primeiro balanço após migração para os EUA (Inter/Divulgação)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 22 de agosto de 2022 às 14h33.

Última atualização em 22 de agosto de 2022 às 16h58.

As ações da Inter&Co, holding do banco Inter, avançam perto de 12% desde a última segunda-feira, 15, data da divulgação do balanço do segundo trimestre da companhia – o primeiro após a migração das ações para a bolsa americana Nasdaq. O mercado recebeu bem o primeiro resultado, que veio em positivo em duas das principais linhas do balanço: lucro e receita.

O lucro líquido no segundo trimestre foi de R$ 15,52 milhões, revertendo prejuízo de R$ 30,49 milhões registrado no mesmo período do ano passado. As receitas brutas totais da holding foram de R$ 1,46 bilhão no segundo trimestre, alta de 130% na comparação anual. Já as receitas líquidas saltaram 88%, para R$ 877 milhões. 

Os números positivos abrem caminho para que o Inter comece a tirar do papel seu próximo grande desafio: crescer de maneira sustentável, equilibrando as despesas sem deixar de avançar.

O principal indicador do novo momento do Inter é o índice de eficiência, que divide as despesas pelas receitas de um banco. O intuito é calcular qual o custo para gerar a receita obtida. E quanto menor o número, melhor para o banco.

O índice de eficiência do Inter começou a entrar em trajetória de queda neste segundo trimestre. O indicador caiu 19,1 pontos percentuais (p.p.), de 90,7% para 71,5% – um patamar ainda elevado se comparada à média dos bancões, que varia entre 35% e 40% segundo cálculos da corretora Genial.

Helena Caldeira, CFO do Inter, vê a redução como um ponto de inflexão para a trajetória da empresa, que entra agora em uma fase de consolidação, tirando o pé do acelerador.

“Investimos muito nos últimos anos em ter uma plataforma completa e agora estamos em um momento alavancar crescimento em participação de mercado e monetizar as diversas linhas de negócio que temos”, avalia Caldeira em entrevista à EXAME Invest.

Para além do crédito, seu carro-chefe, o banco também tem oferta de seguros e investimentos. A plataforma de seguros teve receita recorde de R$35 milhões, 63% superior ao ano anterior. Já o Inter Invest, braço de investimentos do grupo, teve alta de 116% na receita bruta, para R$ 35,7 milhões, com R$ 53,4 bilhões de ativos sob custódia. 

O banco também foi pioneiro ao oferecer uma solução integrada de marketplace, o Inter Shop. Na vertical varejista, houve um recorde de 113 milhões de receita bruta no trimestre, 101% maior que em igual período do ano anterior. Segundo a empresa, o crescimento é explicado principalmente pelo aumento nas taxas cobradas por cada transação (take rates), combinadas a um maior volume transacionado (GMV) – a operação superou, pela primeira vez, o marco de R$ 1,1 bilhão em GMV. 

Ainda assim, a principal fonte de receita do Inter segue com o oferecimento de crédito, principalmente via cartão, crédito imobiliário e empréstimo consignado. A carteira bruta de crédito do banco chegou a R$ 19,5 bilhões em operações no segundo trimestre, um crescimento de 55,5% em um ano.

A originação de crédito, no entanto, caiu 1%, para R$ 4,7 bilhões. O saldo é um reflexo de uma decisão interna em desacelerar a concessão de olho na performance do portfólio e na deterioração do ambiente macroeconômico, com juros e inflação mais altos. O NPL, principal índice de inadimplência, foi de 3,9% no trimestre para os atrasos acima de 90 dias, avanço de 0,9 p.p. em 12 meses.

A CFO do Inter pondera que o indicador de NPL ainda pode avançar considerando que a carteira está crescendo a passos mais curtos. Porém, Caldeira avalia que a tendência de crédito futura está melhorando.

“O pior em inadimplência ficou para trás no sentido que temos olhado para indicadores antecedentes, de curto prazo, e vendo uma melhoria da performance dos clientes desses créditos. Então a nossa expectativa é que o indicador vá caminhando de forma mais positiva”, afirma.

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Para além da inadimplência, outro ponto de atenção com o resultado foi a receita média mensal por cliente ativoARPAC, na sigla em inglês —, que indica se o banco digital é capaz de monetizar sua base. O ARPAC foi de R$ 32 no segundo trimestre deste ano, alta de 16,1% na comparação anual. O número, contudo, representa queda de 4,2% frente ao primeiro trimestre.

Santiago Stel, diretor de estratégia e relações com investidores, explica a redução citando o ciclo do cliente do Inter dentro da plataforma. “Um cliente com início de relacionamento em 2018 tem hoje um ARPAC de R$ 50, enquanto os que abrem conta agora iniciam com uma receita de R$ 5 a R$ 10 por mês. Temos um ritmo de crescimento elevado com o passar do tempo”, diz em entrevista à EXAME Invest.

A expectativa de Stel é que os clientes mais recentes se igualem aos antigos em receita. Isso sem que esses últimos tenham chegado a um “platô”. “Há espaço para avançar”, completa.

Em junho, o Inter tinha 20,7 milhões de clientes, 73% a mais que em junho de 2021. Do montante, 10,7 milhões são clientes ativos.

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