Ozempic: remédio para diabetes virou febre em tratamentos de emagrecimento (imyskin/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 16 de outubro de 2023 às 18h38.
Última atualização em 16 de outubro de 2023 às 20h02.
O lançamento do Ozempic gerou uma febre no mercado de healthcare que segue dando frutos. O remédio desenvolvido originalmente para tratar diabetes tipo 2 tem um princípio que pode ser utilizado para obesidade. De olho no potencial desse mercado, a farmacêutica Novo Nordisk, criadora do Ozempic, lançou o Wegovy, primeiro medicamento injetável semanal indicado apenas para perda de peso e que virou sensação entre as celebridades de Hollywood e do Vale do Silício.
E a tendência não termina por aí. Na semana passada, a Novo Nordisk disse que um estudo clínico sugeria que a semaglutida, o ingrediente ativo do Ozempic e do Wegovy, poderia ajudar pessoas com insuficiência renal.
O efeito imediato foi a alta nas ações da Novo Nordisk e da Eli Lilly, que fabrica um medicamento semelhante. Na ponta oposta, as ações de dois dos maiores expoentes globais no mercado de tratamento renal, DaVita e da Fresenius Medical Care, fecharam em queda.
E este pode ser um indicativo do potencial de disrupção desse mercado. A própria Novo Nordisk, avaliada em US$ 433 bilhões, se tornou no mês passado a maior empresa da Europa ultrapassando a LVMH, dona da Louis Vuitton. Já a Eli Lilly, fabricante do medicamento Mounjaro, já é a nona maior empresa do S&P 500 – índice mais famoso do mercado americano – com um valor de mercado de US$ 568 milhões.
A expectativa de analistas é que a febre dos medicamentos para emagrecer possa ser o início de uma consolidação no setor. “Acho que, em última análise, isso estimulará mais atividades de fusões e aquisições. O mercado está em formação enquanto falamos”, disse Punit Mehta, diretor-geral sênior da Guggenheim Partners, à CNBC.
E esta pode ser apenas a ponta do iceberg. O mercado de saúde, apenas nos Estado Unidos, pode estar avaliado em US$ 4,4 trilhões segundo estimativas compiladas do site Market Insider. Mas a indústria farmacêutica não deve ser a única afetada.
Uma pesquisa do Morgan Stanley obtida pelo Market Insider analisou 300 pacientes que tomavam os medicamentos para emagrecer. O estudo mostrou que o consumo diário de calorias caiu de 20% a 30%, o que pode afetar diretamente as varejistas de alimentos.
O CEO do Walmart, John Furner, disse à Bloomberg que os clientes usuários desses remédios já estão comprando menos alimentos. E analistas do banco de investimentos Barclay's apontaram que os medicamentos contra obesidade são um risco para os restaurantes de fast food e fabricantes de cigarros, já que reduzem a dependência de substâncias viciantes. Entre as companhias que podem ser afetadas, estão gigantes como Coca-Cola, PepsiCo e McDonald's.
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