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Como o destino de Lula pode afetar os mercados

No curto prazo, as acusações do MPF contra Lula não afetaram os mercados; para 2018, no entanto, o resultado do processo pode ter impacto marginal


	Lula: mesmo que ex-presidente não possa concorrer nas eleições de 2018, nada garante que o favorito seja pró-reformas, como prefere o mercado
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Lula: mesmo que ex-presidente não possa concorrer nas eleições de 2018, nada garante que o favorito seja pró-reformas, como prefere o mercado (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2016 às 14h10.

Destaque absoluto da imprensa brasileira nesta quinta-feira, as pesadas acusações do Ministério Público Federal de Curitiba contra o ex-presidente Lula foram vistas como sem efeito de curto prazo para o mercado.

Por ora, as oscilações do dólar, da bolsa e dos juros seguem dependendo dos humores do exterior, com foco na reunião do BC americano da próxima semana, e das reformas do governo Temer.

Para 2018, contudo, a sorte de Lula tem impacto, embora ainda marginal, no cenário de mercado.

A denúncia do MPF reforça um quadro que já vinha sendo de dificuldade eleitoral crescente para o PT nas duas próximas eleições, no mês que vem e em 2018, diz João Castro Neves, analista político do Eurasia Group em Nova York. Ele não recomenda, contudo, conclusões apressadas.

“O mercado pode pensar que a esquerda morreu. Contudo, isso pode ser uma ilusão. Em política, nada morre e temos vários casos de políticos que voltaram após sofrer duras quedas.”

Mesmo que Lula seja condenado e não possa concorrer, nada garante que o favorito em 2018 será um candidato pró-reformas, como o mercado gostaria.

Entre os nomes tidos como possíveis candidatos, Aécio, Alckmin, Serra, Meirelles e o próprio Temer poderiam continuar as reformas.

O quadro ficaria mais incerto, porém, considerando-se outros nomes que também aparecem nas pesquisas, como Marina, Ciro e Bolsonaro.

A sucessão de Temer deverá ser uma eleição “fragmentada”, diz Neves. Deve se assemelhar a 1989, quando Lula e Collor foram para o segundo turno, em meio a muitos candidatos fortes.

A grande diferença é que o risco de um candidato “outsider” agora é menor, segundo o analista. Diferentemente de 89, agora a eleição é “casada” e partidos que não tenham estrutura para lançar candidatos viáveis aos governos nos estados perdem força.

No entanto, Neves não descarta totalmente o surgimento de um nome novo. “O sentimento anti-establishment político entre a população está muito forte.”

Embora o cenário para 2018 possa afetar as análises dos investidores para o médio e longo prazo, a oscilação diária do câmbio continua dependendo de fatores de curto prazo, externos e internos.

Nos EUA, a decisão do Fed na próxima quarta-feira é motivo de angústia, dado que os juros perto de zero no mundo desenvolvido vinham ajudando os mercados emergentes nos últimos meses.

O Brasil também pegou carona neste movimento, reforçado aqui pelo efeito do impeachment de Dilma.

Mesmo em relação ao cenário político doméstico, o andamento do ajuste fiscal e as ameaças de retaliação de Cunha pesam mais do que as acusações contra Lula para o mercado no curto prazo, diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

“As atenções no curto prazo estão muito mais focadas em como Temer vai endereçar as reformas.”

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