Desvalorização do real deve compensar as perdas para as produtoras brasileiras (Cristiano Mariz/Exame)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2012 às 19h59.
São Paulo – As ações da Cosan e da Tereos apresentam oportunidades interessantes de investimentos no setor de açúcar e álcool, avalia o HSBC em um relatório. Segundo os analistas, apesar da previsão de uma forte produção e manutenção de preços do açúcar, a desvalorização do real deve compensar as perdas para os produtores brasileiros.
“Nesse ano, o superávit global deve ser mais baixo do que o do ano passado devido à quedas marginais na Índia e Ásia No entanto, quanto aos produtores brasileiros, a desvalorização do Real deve compensar a queda dos preços mundiais do açúcar e resultar em preços realizados estáveis e margens ainda sólidas”, afirmam Pedro Herrera, Diego Maia e Ravi Jain.
Cosan
A mais antiga representante do setor na bolsa (CSAN3) entre as analisadas do banco é também a que mais diversificou a sua plataforma de negócios. O movimento mais recente nesse sentido foi a compra de um participação na Comgás por US$1,8 bilhão da BG Group em maio.
“Gostamos da aquisição da Comgás e a incorporamos em nossa avaliação. Nós a consideramos favorável para os lucros, resultando em uma estrutura de capital mais eficiente. Agora, nenhum segmento da Cosan representará mais de 35-40% dos fluxos de caixa consolidados”, ressaltam os analistas.
A recomendação de alocação acima da média (overweight) foi reiterada e o preço-alvo elevado de 34 reais para 38 reais.
Tereos
A Tereos tem um perfil defensivo e pode estar um pouco esquecida pelo mercado, apontam os analistas. Para eles, em um cenário de recuo dos preços do açúcar, a empresa seria menos afetada que uma exclusivamente de açúcar e álcool porque se diversificou com o segmento de amido e etanol na Europa. Além disso, lembra o HSBC, a empresa tem maior exposição à cana-de-açúcar de terceiros, o que resulta em uma redução de custos no caso da queda dos preços do açúcar.
“Em termos de fundamentos, vemos as ações da Tereos como extremamente subavaliadas. Além disso, a operação recém-anunciada visando aumentar o free float para 30,4% e conduzir uma oferta de direitos para levantar recursos que possam financiar o crescimento do segmento de amido na China, no Brasil e na Europa é muito positiva e elimina as incertezas antes embutidas na avaliação na empresa”, afirma o banco.
O HSBC tem a recomendação overweight aos papéis (TERI3). O preço-alvo subiu de 4,20 reais par a 4,50 reais.
São Martinho
Com as ações muito ligadas ao preço do açúcar – o HSBC calcula uma correlação das ações com a commodity em 0,82 – a empresa fica muito exposta à volatilidade, o que prejudica a recomendação para os papéis, explicam os analistas. Além disso, a liquidez na bolsa é baixa, com a média em torno de 2 milhões de reais por dia.
O banco explica ainda que a São Martinho (SMTO3) possui muitas terras de valor e que por isso negocia com margens mais elevadas que as do setor. “Acreditamos que, a menos que o valor dessas terras seja monetizado de alguma forma (como por meio de um acordo do tipo venda e arrendamento), elas não devem ser acrescentadas como um componente em separado do valor da
empresa”, afirmam.
A recomendação é neutra. O preço-alvo passou de 23 reais para 23,50 reais.