Mercados

Como ações de países emergentes podem reagir a Trump

Qualquer queda forte terá vida curta e as razões são simples: há muito dinheiro lá fora e estamos no fim do ano

Donald Trump: alguns dos maiores fundos ampliaram suas reservas em dinheiro com o aumento da incerteza nos últimos dias de campanha (Carlo Allegri/Reuters)

Donald Trump: alguns dos maiores fundos ampliaram suas reservas em dinheiro com o aumento da incerteza nos últimos dias de campanha (Carlo Allegri/Reuters)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 9 de novembro de 2016 às 15h24.

Cingapura - A virada de Donald Trump aconteceu e as ações dos mercados emergentes estão entre as maiores perdedoras em meio à turbulência nos ativos financeiros.

Mas qualquer queda forte terá vida curta. As razões são simples: há muito dinheiro lá fora e estamos no fim do ano.

Alguns dos maiores fundos ampliaram suas reservas em dinheiro com o aumento da incerteza nos últimos dias de campanha.

A última pesquisa do Bank of America Merrill Lynch com 171 fundos com US$ 443 bilhões em ativos, realizada entre 7 e 13 de outubro, mostrou o nível mais elevado caixa desde os dias posteriores aos ataques de 11 de setembro de 2001.

Isso é medo incorporado. O problema, contudo, é que os gestores de fundos não podem se dar ao luxo de serem vistos com uma média de 5,8 por cento de seus recursos em dinheiro quando começar o período de divulgação de balanços do fim do ano -- eles são pagos para investir, não para segurar os depósitos.

Por isso, eles precisam investir e antes da segunda semana de dezembro, quando a liquidez sai de férias e a adição de novos recursos se torna quase impossível.

Isso significa que após a forte queda das ações os gestores de fundos colocarão o dinheiro deles alegremente de volta no mercado.

E onde entram os mercados emergentes nessa equação global? Bem, a pesquisa do BofA Merril também indicou que as gestoras não ficavam tão overweight para as ações do mundo em desenvolvimento desde o início de 2013.

Na média, eles possuíam 31 por cento mais ações expostas a economias emergentes do que o exigido pelos índices que acompanham.

Além disso, essa classe de ativos foi talvez aquela que reagiu mais violentamente aos resultados possíveis devido às declarações de Trump e Hillary Clinton sobre comércio exterior.

O índice MSCI Emerging Markets já apresentava 2,6 por cento de queda no início das negociações em Londres. E pode cair mais, se o histórico recente for usado como parâmetro.

Isso significa também que essas ações estarão entre os ativos mais baratos e atraentes no rescaldo da eleição.

No fim, tudo deve voltar mais ou menos para onde estava. Até lá, prepare-se para um pouco de sofrimento.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDonald TrumpEleições americanasPaíses emergentes

Mais de Mercados

Muita emoção na Bolsa? As ações de “convicção” do UBS para navegar na volatilidade

Ações de Netflix e Disney caem após China anunciar redução na importação de filmes dos EUA

Insider trading? Senadores pedem investigação de Trump após pausa em tarifas

Apesar de trégua, tarifas de Trump terão 'impacto sério' na economia global, diz UBS