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Como a política afetou o dólar (e o que ainda está por vir)

Dólar acumula queda de mais de 18% no ano; futuro da moeda depende, agora, da aprovação da PEC que limita os gastos do governo.

Dólar em queda (iStock/Thinkstock)

Dólar em queda (iStock/Thinkstock)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 8 de outubro de 2016 às 07h00.

São Paulo — Em 2016, não faltaram reviravoltas políticas capazes de alterar o humor do mercado e modificar a trajetória do dólar (veja algumas delas no final do texto). A moeda norte-americana, que chegou a ser cotada a 4,20 reais em meados do ano passado, foi aos poucos perdendo força e há algumas semanas oscila entre 3,20 reais e 3,30 reais. No ano, o dólar acumula queda de mais de 18%. 

O próximo evento político capaz de impactar bruscamente o câmbio deve ocorrer até o final deste mês. Trata-se da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o crescimento dos gastos públicos. Vista como crucial para o reequilíbrio das contas do governo, a PEC deve ser votada no plenário da Câmara ainda em outubro e depois seguir para o Senado.

Enquanto isso, os investidores operam com um olho no desenrolar do processo e outro no próprio conteúdo da PEC. “O dólar só deve continuar estável se não ocorrer muitas surpresas nas votações”, analisa Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso. 

Para Galhardo, a aprovação da PEC pode representar um divisor de águas da situação econômica atual. Por isso, diz ele, a votação será a grande prova de fogo do presidente Michel Temer e de sua equipe econômica. “Se o governo tiver que ceder para que o texto passe no Congresso e a proposta for muito modificada, as expectativas voltam a ser ruins", diz ele. Se isso ocorrer, é provável que o dólar volte a subir.

O analista acredita que as chances da moeda norte-americana cair até o final do ano são mínimas. Ele explica que, com a aprovação do texto integral da PEC, o fluxo de moeda estrangeira deve aumentar, mas é muito provável que o Banco Central intervenha na cotação para que os exportadores não sejam prejudicados. “Só se as condições externas estiverem muito boas para o BC conseguir fechar os olhos por um tempo", diz ele. 

Desde julho deste ano, o governo tem influenciado o câmbio através da realização de leilões de swap cambial reverso (entenda o que é) numa tentativa de conter a desvalorização da moeda. 

Outras previsões

Os analistas financeiros consultados todas as semanas pelo Banco Central estimam que o dólar fechará o ano cotado a 3,25 reais. Na semana anterior, a previsão era de 3,29 reais. 

Para o final de 2017, o grupo de economistas acredita que a cotação do dólar frente ao real estará em 3,45 reais. Uma semana antes, a previsão era que chegasse a 3,40 reais. 

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