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Como a Klabin deixa para trás o setor e a bolsa com papelão

Empresa tem alta de 39% em seis meses, enquanto as concorrentes com as operações de celulose comem poeira

Bobina de papel cartão na fábrica da Klabin (Divulgação)

Bobina de papel cartão na fábrica da Klabin (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2012 às 10h00.

São Paulo – As ações da Klabin (KLBN4) têm superado o desempenho dos seus concorrentes e até do Ibovespa em períodos mais longos. Em seis meses, por exemplo, a fabricante de papéis especiais registra alta de 34,92%, enquanto Fibria (FIBR3) sobe 6,07% e Suzano Papel (SUZB5) tem queda de 7,12%. No mesmo período, a bolsa avança 4,30%. Em 12 meses, a diferença cresce: Klabin ganha 52,22% enquanto a Suzano perde 52,89%, Fibria 39,98% e o Ibovespa 7,85%.

Embora o cenário para o setor influencie todas as empresas, a estratégia recente da Klabin pode ter colaborado na valorização superior. Segundo Rodrigo Blanco, analista da Fator Corretora, um ponto importante foram os investimentos em corte de custos e o aumento de eficiência operacional.

Dívida e custos

“Acreditamos que o desempenho das ações desde que a companhia começou a colher os frutos de seus investimentos, no terceiro trimestre de 2011, comprovam que a escolha foi acertada”, afirma. A eficiência operacional continua a crescer. A margem Ebitda, que é a divisão da geração de caixa operacional dividido pela receita líquida, subiu seis pontos percentuais no primeiro trimestre de 2012 na comparação com um ano antes, para 32%.

A Klabin focou os investimentos na diminuição de custos variáveis, o que incluiu a operação de novas caldeiras e linha de transmissão para gerar energia a um custo menor. Como resultado, o custo de caixa unitário e de produtos vendidos caiu 12% no mesmo período, embora as despesas com gerais e administrativas tenham subido.


A alavancagem financeira menor que outras companhias do setor também pode ter ajudado o desempenho do papel. A expectativa do analista para 2012 é que a companhia continue a manter boas margens operacionais, ainda refletindo o plano de corte de custos. A empresa também está prestes a aprovar um projeto de quase 7 bilhões de reais com foco em produção de celulose de fibra longa e curta voltada para o mercado doméstica com capacidade de 1,5 milhão de toneladas da commodity.

A alta continua?

Embora a companhia tenha boas perspectivas, os fatores que devem impulsionar esse crescimento já estão sendo considerados no preço atual da ação, segundo a opinião de Blanco. “Mantemos nossa recomendação de manutenção com preço-alvo de 9 reais para as ações da Klabin”, afirma. Esse valor é muito próximo ao preço atual, que oscilou entre 8,46 reais e 9,22 reais durante o mês de abril.

O foco no mercado doméstico, que pode ser uma vantagem, também pode apresentar um risco para a empresa. “Os principais riscos da Klabin são justamente aqueles ligados ao desempenho da economia nacional, como baixo crescimento econômico”, afirma Rodrigo Blanco, da Fator.

Um dos principais produtos vendidos pela empresa é o papelão ondulado. O produto é utilizado na embalagem de vários tipos de mercadorias em diversos setores, o que pode ser entendido como um termômetro do aquecimento da economia. Segundo os últimos dados da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), as vendas cresceram 1,3 em abril na comparação com o ano passado, para 261 mil toneladas.

Além disso, o mercado tem seus próprios desafios à frente. Em relatório enviado para clientes, os analistas do J.P. Morgan destacam o a alta do dólar como um risco bem presente para todas as companhias do setor.

Num outro relatório, os analistas da corretora Citi, que reuniram recentemente com a consultoria internacional Hawkins Wright para analisar as perspectivas para o mercado de celulose, destacaram algo bem familiar para as empresas de mineração brasileiras: China. “Aparentemente, o mercado está superestimando o tamanho da demanda por papel na China”, afirmam Fernando Siqueira e Hugo Rosa no documento.

Embora as perspectivas não sejam as melhores para nenhum dos papéis, os da Klabin são os melhor avaliados. Enquanto Fibria e Suzano têm recomendação de “venda”, a Klabin ganha um voto de confiança e é classificada pela Citi como “neutra”. O preço-alvo, porém, também é próximo ao atual e está estimado em 9,50 reais.

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