Ian Caó, diretor de investimentos da Gama, e Bernardo Queima, CEO da Gama (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter
Publicado em 3 de outubro de 2023 às 13h31.
Última atualização em 3 de outubro de 2023 às 14h00.
A Gama Investimentos quer entrar na nova era dos fundos de investimentos com uma meta (para lá de) ousada: multiplicar o atual volume sob gestão de R$ 3,4 bilhões por dez e se tornar o maior hub de fundos estrangeiros do país. Tudo isso em cinco anos.
Focada em fundos feeders, a gestora já tem dentro de casa produtos da Bridgewater, de Ray Dalio, e Oaktree, de Howard Marks, admirado por ninguém menos que Warren Buffet. São nove o número de gestoras plugadas à Gama. Mas o objetivo é aumentar essa quantidade no curto prazo para o dobro, pelo menos.
"Diversificação com investimentos no exterior agrega valor ao portfólio dos investidores. Por isso, queremos aglutinar dentro da Gama os melhores gestores globais", disse Bernardo Queima, CEO da Gama Investimentos, em entrevista à Exame Invest.
O impulso para a expansão acelerada, explicou Queima, vem da nova resolução 175 da CVM, que entrou em vigor nesta semana. Entre as diversas mudanças na indústria de fundos promovidas pela 175 está o maior acesso de investidores de varejo aos fundos que investem 100% no exterior – antes restritos a investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão em investimentos. Para atender a esse novo público, a Gama oferece seus fundos a um valor de entrada relativamente baixo, a partir de R$ 500. "Nos Estados Unidos, por exemplo, seria impossível investir nos principais fundos da Bridgewater com esse valor.", comentou Queima.
Fundos de investimentos no exterior de ações e multimercados somam cerca de R$ 880 bilhões sob gestão. No início de 2016, esse montante era próximo de R$ 210 bilhões. "Agora, com o maior acesso, esperamos que esse volume se multiplique por dez. Devemos acompanhar esse crescimento", afirmou.
Além da expectativa de maior demanda por fundos de investimentos no exterior a partir da nova resolução, espera=se uma maior oferta. Isso porque caiu a regra que exigia a existência de um regulador na jurisdição de origem que verificasse se o fundo estava atendendo aos requisitos da jurisdição brasileira. Agora, bastará ter um órgão supervisor na origem do fundo. "Na pratica, a regra anterior limitava a jurisdição à da Europa, que é uma fração pequena do mercado mundial. Isso irá aumentar muito o número de opções na mesa."
A Gama tem buscado gestoras do mundo todo, na tentativa de ampliar o leque de variedades para seus investidores. Duas casas da Ásia, inclusive, têm mantido conversas para ofertarem seus fundos por meio da Gama. "O grande investidor está olhando para a Índia, para a China. Então, provavelmente teremos gestores com estratégias especializadas para esses mercados", disse Ian Caó, diretor de investimentos da Gama.
Esses novos feeders, disse Caó, deverão aumentar a competitividade com fundos locais que investem no exterior. "Muitos deles investem por meio de BDRs, que ainda são poucos em relação ao número de ações disponíveis no exterior. Além disso, essas gestoras têm a experiência de fazer isso há muitos anos."
Para se preparar para os novos tempos, Gama se mudou para um escritório maior. Localizado no edifício FL Corporate, na Faria Lima, o novo escritório tem capacidade para entre 50 e 60 pessoas. Já trabalham no local mais de 30 pessoas, entre funcionários da Gama e da HMC, sua holding controladora. O contrato firmado com a administradora do prédio é de cinco anos. Mas, a depender da ambição da gestora, antes mesmo do prazo, um lugar ainda maior será necessário.