Petz: abertura de 44 lojas no último ano reforça as receitas, mas consome a margem da empresa (Divulgação/Divulgação)
Bianca Alvarenga
Publicado em 10 de agosto de 2022 às 21h42.
Última atualização em 11 de agosto de 2022 às 14h59.
A Petz (PETZ3) reportou seu balanço do segundo trimestre na noite desta quarta-feira, 10. A varejista de produtos e serviços para animais de estimação registrou um lucro líquido ajustado de R$ 32,8 milhões, alta de 35% em relação ao mesmo trimestre de 2021. Já a receita líquida chegou a R$ 674,3 milhões, com crescimento de 33% no período.
Apesar do avanço no lucro e receita, a margem Ebitda ajustada do grupo foi de 7,6% uma queda de 1,5 ponto percentual no período. Considerando apenas as lojas Petz (sem os outros negócios do grupo, como a Zee.Dog, adquirida há um ano), a queda foi um pouco menor, de 0,8 p.p. No primeiro trimestre, o indicador do grupo já havia registrado queda de 1,1 p.p, motivo para uma queda nas ações, na ocasião.
De acordo com o comunicado da empresa, a piora na margem é explicada, principalmente, por três fatores: aceleração da expansão da rede de lojas, maturação das unidades inauguradas nos últimos anos, e pressão da inflação.
A Petz encerrou o segundo trimestre com uma rede de 187 unidades, um aumento de 44 lojas em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Ou seja, embora esteja prestes a completar 20 anos, a Petz abriu, no período de 12 meses, quase um quarto de todas as suas lojas. No primeiro semestre de 2022, foram 19 inaugurações, e o guidance de abertura de 50 unidades até o final do ano está mantido, de acordo com o comunicado da varejista.
No ano passado, foram inauguradas 35 unidades, cujo faturamento, segundo a companhia, não está maduro (ou seja, são lojas que, em média, não alcançaram o chamado breakeven). Ainda de acordo com os cálculos da Petz, o faturamento das "novatas" durante o primeiro ano representa apenas 60% da capacidade total, e esse valor cresce gradualmente ao longo dos anos seguintes.
O plano acelerado de expansão tem uma explicação financeira e outra estratégica. A Petz conseguiu fortalecer a posição de caixa ao levantar R$ 779 milhões em um follow-on, em novembro de 2021. Na época, a varejista já havia prometido empenhar a maior parte dos recursos na abertura de lojas, principalmente em regiões em que a marca possui pouca ou nenhuma participação de mercado.
"Das 50 lojas previstas para o ano, dois terços são unidades que atendem à estratégia que chamamos de 'espalhamento'. São lojas abertas em regiões completamente novas, como a de Teresina (PI), inaugurada no segundo trimestre, ou lojas em locais em que nosso share ainda é pequeno", explicou Aline Penna, VP de Finanças da Petz, em entrevista exclusiva à EXAME.
Além de contribuir para o plano de expansão, o levantamento de recursos no follow-on garantiu à Petz um caixa líquido de R$ 246 milhões.
O investimento pesado em crescimento tem a ver, primeiro, com o perfil do varejo pet. Ainda que sejam mais presentes nas grandes capitais, as grandes redes, como Petz e Cobasi, detêm uma fatia de cerca de 15% do mercado brasileiro. Abrir lojas, nesse contexto, é a oportunidade de "tomar" parte do faturamento de pequenos negócios de bairro. É a mesma lógica que guiou o setor de farmácias, cuja abertura de unidades também foi acelerada nos últimos anos.
Além disso, a Petz tem outra particularidade que faz com que o "espalhamento" das lojas seja atrativo. Metade das vendas online é na modalidade pick-up (ou seja: o cliente compra pelo site ou aplicativo, mas vai buscar os produtos em uma loja física). É um número significativo, principalmente considerando que a participação do on-line na receita total subiu de 30% para 35% em um ano.
"Não estamos indo pro digital e penalizando margem. Temos 187 lojas que funcionam como pequenos centros de distribuição", contou Penna. A VP de finanças da Petz acrescenta que 92% das vendas são entregues em até 1 dia útil, e que, muitas vezes, ao visitar a loja para buscar os produtos, o cliente acaba fazendo uma nova compra.
Reduzir os custos com o chamado "last mile" (o trajeto do centro de distribuição ou loja até o endereço do cliente) foi uma ferramenta para aliviar a pressão inflacionária. Outras iniciativas, como a negociação dos alugueis das lojas, também ajudaram a mitigar o problema da disparada dos índices de preços, nos últimos meses.