Embraer: a receita projetada para o ano deve ficar entre US$ 7 bilhões e 7,5 bilhões, um avanço de até 13% (Germano Lüders/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 13h44.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2025 às 14h35.
O ano de 2024 foi memorável para a Embraer. A companhia multiplicou por mais de 7 vezes o lucro líquido no ano, incluindo bom desempenho no quarto trimestre, quando as vendas aceleraram e a última linha do balanço ganhou fôlego extra -- no período, o lucro triplicou.
Com receita recorde de US$ 6,4 bilhões e backlog atingindo US$ 26,3 bilhões, a empresa agora, já enxerga no horizonte o pagamento de dividendos pela primeira vez desde 2018. "A Embraer agora está qualificada para retomar a distribuição de dividendos, refletindo nossa melhora financeira e disciplina na alocação de capital", afirmou Antonio Garcia, CFO, em teleconferência de resultados nesta manhã.
Perto das 13h40, as ações da companhia subiam mais de 12%. A distribuição de proventos referentes a 2024 ainda será avaliada pelo conselho de administração.
O crescimento expressivo da companhia no ano passado foi acompanhado por um aumento de 20% na receita e um EBIT ajustado de US$ 700 milhões, com margem operacional de 11,1%. A redução de 86% na dívida líquida, que a deixou próxima de zero, foi um fator determinante para a recuperação do grau de investimento pelas principais agências de rating.
Mas os desafios persistentes na cadeia de suprimentos, que tem levado as fabricantes a atrasarem as entregas de aeronaves em todo mundo, fizeram a Embraer um pouco mais conservadora para 2025 do que esperavam alguns analistas. Ainda assim, a gestão é vocal sobre estar otimista com o ano.
A empresa estima uma margem EBIT ajustada entre 7,5% e 8,3% e um novo recorde de receita, entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões.
Para sustentar seu crescimento, a Embraer projeta um aumento na produção de aeronaves em 2025. A expectativa é entregar entre 77 e 85 jatos comerciais, o que representa um crescimento de 10% em relação ao ano anterior, além de ampliar a produção de jatos executivos para até 155 unidades.
Com isso, a receita projetada para o ano deve ficar entre US$ 7 bilhões e 7,5 bilhões, um avanço de até 13%. No entanto, os desafios operacionais permanecem já que a cadeia de suprimentos segue sendo um ponto crítico, e a empresa está adotando medidas para mitigar riscos.
"Implementamos iniciativas para fortalecer nossa relação com fornecedores, usando inteligência artificial e ferramentas digitais para monitorar riscos e antecipar problemas", destacou o CEO Francisco Gomes. "Estamos melhorando processos internos e criando estratégias para mitigar gargalos e garantir que nossas operações sigam dentro do planejado."
Para atender à demanda crescente, a Embraer tem ampliado suas capacidades produtivas e investido em infraestrutura. A companhia expandiu seus centros de manutenção nos Estados Unidos e reforçou sua parceria com a Pratt & Whitney para aprimorar o suporte aos motores GTF, com uma nova operação de reparo em Portugal.
Também modernizou sua linha de montagem para garantir maior eficiência na produção dos jatos executivos e comerciais. "Estamos adotando uma abordagem proativa, não apenas otimizando nossa capacidade fabril, mas também fortalecendo nossa cadeia de suprimentos para evitar gargalos", explicou Gomes.
Na aviação comercial, a empresa comemorou importantes contratos, como a venda de 90 aeronaves E175 para a American Airlines, além de pedidos de Luxair, Mexicana e Invisio Australia, totalizando 30 jatos. O backlog do segmento atingiu US$ 10,2 bilhões.
Já no setor de defesa, a Embraer teve seu melhor ano, com a venda de 13 KC-390 para Áustria, República Tcheca, Holanda e um cliente não divulgado. Além disso, 29 unidades do A-29 Super Tucano foram encomendadas por Paraguai, Portugal, Uruguai e outros dois clientes, elevando o backlog da divisão para US$ 4,2 bilhões.
No segmento de aviação executiva, a Embraer obteve o maior pedido de sua história, um contrato de US$ 7 bilhões com a FlexJet, fazendo com que o backlog do setor alcançasse US$ 7,4 bilhões. O Phenom 300 seguiu como o jato leve mais vendido pelo 13º ano consecutivo.
Apesar da projeção de crescimento mais moderado para 2025, a empresa está confiante na sustentabilidade do negócio. "Nosso backlog sólido e a alta demanda nos dão segurança para manter um crescimento saudável", disse Garcia. A geração de caixa livre esperada para o ano é de pelo menos US$ 200 milhões.
A Embraer também continua avançando no desenvolvimento do eVTOL, um dos projetos mais ambiciosos da companhia. O protótipo em escala real já foi concluído e está passando por testes de solo, com o primeiro voo programado para 2025.
A empresa segue com o processo de certificação junto às autoridades aeronáuticas, visando garantir que a nova aeronave atenda aos requisitos regulatórios. "O eVTOL representa um marco na aviação sustentável, e estamos comprometidos em liderar essa transformação", afirmou o CEO.