NASDAQ: Stone chega à bolsa de tecnologia depois de maior queda em sete anos / REUTERS/Brendan McDermid
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2018 às 07h06.
Última atualização em 26 de outubro de 2018 às 11h46.
Mais uma empresa brasileira lista suas ações nos Estados Unidos nesta quinta-feira. Depois de o e-commerce de produtos esportivos Netshoes, a processadora de cartões PagSeguro e a companhia de educação Arco, agora é a vez da empresa de pagamentos Stone fazer sua oferta pública inicial de ações (IPO) na bolsa americana Nadasq.
A demanda ultrapassou o esperado e os papeis foram precificados, segundo o jornal Valor, acima da faixa estipula da de 21 a 23 dólares — ficaram em 24 dólares. Com isso, a Stone capta 1,2 bilhão de dólares e passa a valer 6,7 bilhões de dólares.
A forte procura pela pré-reserva dos papéis fez a Stone antecipar em um dia a precificação e o início das negociações, até então marcado para sexta. Dois prováveis investidores foram os que mais chamaram a atenção: o megaempresário Warren Buffett e o Ant Financial, braço de meios de pagamento do grupo chinês Alibaba, dono do Alipay, uma das maiores plataformas de pagamento digital do mundo, manifestou interesse em investir 100 milhões de dólares no IPO da Stone.
A Stone, fundada por André Street e Eduardo Pontes em 2013, tem entre seus acionistas o fundo Arpex Capital, do empresário Jorge Paulo Lemann, o fundo britânico Actis, a gestora de recursos Gávea Investimentos, a empresa americana de investimento Madrone Capital Partners, entre outros.
Segundo o prospecto da oferta, divulgado no dia 1º de outubro, quando ela protocolou o pedido de abertura de capital na Nasdaq, a empresa tem mais de 200 mil clientes e faturou 635,7 milhões de reais no primeiro semestre deste ano – 92% acima do mesmo período de 2017. Diferentemente de janeiro a junho do ano passado, quando teve prejuízo de 76 milhões de reais, na primeira metade de 2018 registrou lucro de 88 milhões de reais.
A oferta contou com os bancos Itaú BBA, Credit Suisse, Morgan Stanley, Bank of America Merrill Lynch, Goldman Sachs, JPMorgan, Citigroup e BTG Pactual como coordenadores financeiros e envolve além da oferta primária (emissão de novas ações), também oferta secundária (ações detidas por atuais sócios que foram colocadas à venda).
A PagSeguro estreou na Bolsa de Nova York em janeiro, quando captou 2,3 bilhões de dólares, o maior IPO de uma brasileira desde 2013. Recentemente, a empresa de educação cearense Arco listou suas ações também na Nasdaq e levantou cerca 220 milhões de dólares.
A Stone entra na bolsa americana em um momento não muito favorável. Na quarta-feira, a Nasdaq teve a maior queda diária em sete anos: despencou 4,43% e puxou as três brasileiras para baixo. Netshoes perdeu 0,84% e hoje vale pouco mais de um décimo do que no dia do IPO; Arco fechou com queda de 4,3% e abaixo também do preço de estreia; e PagSeguro perdeu 3,7%, cotada a 29,75 dólares (ainda acima do primeiro dia).
Há algum tempo analistas têm alertado para o fim do ciclo de euforia das bolsas americanas, que vem batendo recordes mensais sem muito embasamento no cenário macroeconômico. Este mês o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a expectativa de crescimento para a economia mundial de 3,9% para 3,7%, assim como a dos Estados Unidos, de 2,7% para 2,5%.
A Stone já vinha se preparando para a abertura de capital há um ano, mas esperava a melhor janela de oportunidade. Tentou no início do ano, para pegar carona na PagSeguro, mas desistiu. Agora, além de mostrar que seus projetos de crescimento são atrativos, precisa torcer contra a ressaca dos mercados.