Aécio Neves (PSDB): bom desempenho do tucano nas pesquisas eleitorais está ajudando os mercados (Washington Alves/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2014 às 21h35.
O Ibovespa experimentou a maior alta entre os principais índices acionários do mundo e o real subiu depois que uma pesquisa mostrou o candidato de oposição, Aécio Neves, à frente da presidente Dilma Rousseff no segundo turno da eleição no Brasil.
A Petrobras deu a maior contribuição para o avanço do indicador devido à especulação de que o possível novo governo reduzirá as intervenções, o que inclui os controles de preços, que limitam sua lucratividade.
A produtora de minério de ferro Vale subiu depois que a balança comercial da China mostrou que as importações do país aumentaram inesperadamente no mês passado.
O Ibovespa deu um salto de 5,6 por cento, para 58.423,05, às 15h13, em São Paulo. Todos os 10 setores industriais que compõem o MSCI Brazil Index avançaram.
O real registrou uma valorização de 2 por cento, para 2,3818 por dólar, marcando o melhor desempenho entre as 31 principais moedas monitoradas pela Bloomberg.
Uma pesquisa da Sensus publicada no site da revista IstoÉ mostrou Aécio com 52,4 por cento do apoio do eleitor e Dilma com 36,7 por cento.
“Aécio está ganhando impulso”, disse Otávio Vieira, sócio do fundo hedge Fides Asset Management, por telefone, do Rio de Janeiro.
“As ações estão começando a precificar uma chance maior de vitória da oposição na eleição. Se isso realmente acontecer, eu vejo o Ibovespa indo para 65.000 ou 70.000”.
A Petrobras subiu 11 por cento, para R$ 22,25 o mais alto nível desde 5 de setembro. A Vale saltou 6,2 por cento, para R$ 24,40, a maior alta desde julho de 2010 .
As oscilações entre os ganhos e os prejuízos das ações e dos mercados de câmbio brasileiros têm aumentado à medida que o segundo turno se aproxima, com a volatilidade do Ibovespa no período de 90 dias no nível mais alto desde outubro de 2013.
A volatilidade implícita de um mês sobre as opções para o real, que refletem mudanças projetadas na moeda, está no nível mais alto entre os países em desenvolvimento.
Resgates de ETF
Na semana passada, os investidores retiraram US$ 420,9 milhões dos fundos negociados em bolsa (ETFs) americanos que compram ações brasileiras, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O montante contrasta com os US$ 32,1 milhões em resgates da semana anterior, mostram os dados.
O volume de negociação de ações em São Paulo foi de R$ 7,39 bilhões no dia 10 de outubro, segundo a operadora da bolsa. O total contrasta com uma média diária de R$ 6,95 bilhões neste ano.
Marina Silva, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial do Brasil, disse ontem que apoia Aécio no segundo turno, que será realizado no dia 26 de outubro. O apoio dela também ajudou a empurrar os mercados para cima, segundo Vieira.
Aécio e Marina atacaram Dilma na disputa do primeiro turno, dizendo que suas políticas haviam contribuído para uma inflação acima da meta e uma recessão no primeiro semestre deste ano.
Dilma respondeu que as ações de Aécio e Marina para desacelerar os aumentos de preços ao consumidor colocariam os aumentos de salário em risco.
A pesquisa da Sensus com 2.000 pessoas foi realizada entre 7 e 10 de outubro e teve um margem de erro de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. Ricardo Guedes, diretor da empresa de pesquisa, também realiza consultas para a campanha de Aécio.
Avanço semanal
No dia 10 de outubro o real registrou um aumento semanal de 1,2 por cento, em seu primeiro ganho de cinco dias desde agosto, devido à especulação de que Dilma não será reeleita.
Em setembro, a moeda caiu 8,6 por cento, maior declínio dos mercados emergentes, quando as pesquisas mostraram um maior apoio à candidata à reeleição.
“O debate político tende a continuar sendo o principal impulsor da negociação cambial”, disse Deives Ribeiro, gerente de câmbio da Fair Corretora de Câmbio e Valores, em São Paulo, por telefone. “Os investidores gostaram de ver Aécio à frente de Dilma”.
Para apoiar sua moeda, o Brasil vendeu US$ 197,3 milhões em swaps em moeda estrangeira hoje como parte de um programa de intervenção e renovou contratos avaliados em US$ 393,1 milhões.
O Banco Central do Brasil não vê limite ou risco no seu programa de swaps de dólar americano, porque as reservas de US$ 375 bilhões dão credibilidade ao instrumento que atingiu US$ 99 bilhões na semana passada, segundo um assessor do governo que pediu para não ser identificado porque as conversas não são públicas.
O BC manterá seu programa de intervenções cambiais diárias até o fim do ano e qualquer decisão a respeito da política da taxa de câmbio para 2015 será tomada perto dessa data, disse o assessor, no dia 10 de outubro.
O BC não vê necessidade de vender dólares das reservas internacionais porque há uma liquidez adequada no mercado à vista, disse o assessor.