Máquina da Cielo: empresa já subiu quase 100% em 12 meses (ARQUIVO)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2012 às 06h19.
São Paulo – Num índice composto por muitas ações de bancos como é o financeiro (IFNC), não é difícil um papel se sobressair no atual cenário de pressão sobre os juros e spreads. Mas o papel da Cielo (CIEL3) se destaca com uma larga vantagem frente a outras empresas da carteira.
Enquanto o índice tem baixa de 2,65% no ano até esta terça-feira, a ação da Cielo sobe 57,78%. No mesmo período, o Ibovespa tem queda de 5,01%. Em 12 meses, a alta do papel é ainda maior, com valorização de 94,39%.
Recentemente, as empresas desse setor passaram por uma grande mudança, com a quebra de exclusividade das bandeiras, que fez muito investidor se preocupar que a companhia pudesse sofrer com a concorrência. “A Cielo se ajustou muito bem a essas mudanças e é uma empresa bem capitalizada com forte geração de caixa”, afirma Aloisio Lemos, analista da Ágora, corretora do Bradesco.
A empresa até perdeu alguma fatia de mercado para a Redecard, como era de se esperar com o fim da exclusividade, mas continua numa posição forte. As duas empresas estão sujeitas à concorrência, mas a estimativa da Ágora é que novos adquirentes tenham cerca de 15% do mercado nos próximos cinco anos. Ou seja: ainda sobra 85% para Cielo e Redecard. “Esse é um risco que já está na conta”, diz.
Além disso, destaca o analista, mesmo que a empresa perca alguma participação no mercado, o potencial de crescimento desse setor ainda é muito grande, com cada vez mais consumidores usando os meios de pagamento plásticos.
Os analistas da Coinvalores destacam outro fator que impulsiona as ações da empresa. A Cielo vem se destacando como uma boa pagadora de dividendos, o que atrai a atenção do mercado especialmente em momentos de crise.
Além disso, avalia a Coinvalores, a companhia tem buscado novas tecnologias para seu serviço, fato provado recentemente com a aquisição da Merchant e-Solutions (MeS), plataforma tecnológica meios de pagamento, por 670 milhões de reais.
Lemos, da Ágora, destaca outro ponto positivo que tem ajudado a credenciadora de cartões. “Na gestão atual, a Cielo começou a fazer antecipação de recebíveis, algo que não tinha antes”, lembra. Nesse serviço, a empresa antecipa para o cliente o que ele tem para receber cobrando juros e gerando uma receita.
Única na bolsa?
A Cielo corre o “risco” de ficar sozinha na bolsa. Sua principal concorrente, a Redecard, está em meio a um processo para o possível fechamento de capital por meio de uma oferta pública de aquisições (OPA).
O preço “travado” em 35 reais para a Redecard por conta desse fechamento de capital é um dos fatores que faz com que a empresa não se saia tão bem no mercado financeiro quanto a Cielo, na visão do analista da Ágora.
Se o fechamento de capital funcionar, a Cielo pode levar alguma vantagem.
Conforme lembram os analistas da Coinvalores, o medo inicial era de que a empresa poderia sofrer por ter que divulgar mais informações que a Redecard. Porém, o fato do setor ser bom faz com que alguns investidores da Redecard possam querer migrar para a Cielo o que seria positivo para a empresa.
Possíveis riscos
Na hora de destacar desafios para a empresa, os analistas não veem muitos fatores. A concorrência, por exemplo, já é algo considerado no preço das ações.
Os analistas da Coinvalores destacam o risco tecnológico. Como é muito ligada a novas tecnologias, novos concorrentes podem fazer a empresa precisar buscar outros meios tecnológicos para competir bem.
Valorização limitada
A ação já subiu muito e, mesmo com tantos fatores positivos, ainda divide opiniões sobre a continuidade de sua valorização.
Na Ágora, a recomendação é de manutenção do papel, com um preço-alvo de 64 reais. “Apesar do baixo potencial de alta, ainda não recomendamos venda pois a empresa tem bons dividendos”, afirma Lemos.
Já na Coinvalores, a recomendação é de compra e os analistas esperam um preço de 73 reais para o papel em 12 meses.