Máquina da Cielo: em sua única ida ao mercado externo, a Cielo levantou US$ 875 milhões a uma taxa de 3,75% e prazo de dez anos (ARQUIVO)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 15h45.
São Paulo - A Cielo poderá avaliar uma nova emissão no exterior a depender das oportunidades apresentadas no mercado em termos de custo e prazo, conforme o presidente da adquirente, Rômulo de Mello Dias.
"Hoje esse cenário não se apresenta. O mercado está mais arisco em relação a mercados emergentes", explicou ele, em teleconferência com a imprensa, feita na tarde desta quarta-feira, 29.
Como a taxa de juros americana subiu, se a Cielo fosse captar hoje, de acordo com o executivo, teria de pagar mais para emitir. Em sua única ida ao mercado externo, a Cielo levantou US$ 875 milhões a uma taxa de 3,75% e prazo de dez anos. "Como o spread do risco subiu, a precificação hoje seria mais cara", explicou Dias.
Ele observou que como a Cielo faz operações de curto prazo para financiar a atividade de antecipação de recebíveis, somente valeria a pena uma captação se permitisse não só um custo de funding menor, mas ainda o alongamento da dívida.
Sobre a possibilidade de fazer emissões externas em outras moedas além do dólar, o presidente da Cielo explicou que a companhia em princípio não tem nenhum ativo que não seja em real e dólar.
"Para termos uma emissão em outra moeda, precisa estar minimamente casada. Nosso objetivo é estar sempre hedgeado", explicou ele, acrescentando que a função da tesouraria da Cielo não é ter lucro, mas casar as captações de recursos com as necessidades da empresa sem colocar o resultado operacional em risco.
Sobre aquisições, o presidente da Cielo voltou a afirmar que o foco é crescimento orgânico e integração das plataformas atuais. "Há um grande desafio do ponto de vista de integração fora o crescimento orgânico", disse ele, acrescentando que há oportunidades tanto em mercados menos explorados como Norte, Nordeste e Centro-Oeste como também em regiões mais desenvolvidas em termos de adquirência como o Sudeste e o Sul.
O aumento de capital da Cielo, anunciado nesta terça-feira, 28, de R$ 1 bilhão, endereça, conforme o presidente da companhia, Rômulo de Mello Dias, a demanda do Banco Central, que passou a regular as empresas de meios de pagamentos, de elevarem seu capital.
No caso da adquirente, contudo, a decisão, segundo ele, não está vinculada a um pedido do órgão regulador.
"Com o aumento de capital, teremos R$ 2 bilhões, valor que está em linha com várias empresas. Creio que o BC como regulador vai olhar companhias e avaliar a necessidade de capital para que as mesmas tenham devido suporte financeiro casos eventuais imprevistos ocorram", avaliou ele, em teleconferência com a imprensa, realizada há pouco.
Sobre o ano de 2014, o presidente da Cielo voltou a dizer que espera um ano desafiador. Segundo ele, o setor deve continuar pujante ao longo deste exercício, podendo crescer entre 16% e 18% em termos de volume.
A Cielo, conforme o executivo, deve ter expansão "inferior" a do mercado uma vez que a base estatística da companhia é maior.
Dias lembrou ainda que a Cielo investiu quase R$ 3 bilhões nos últimos três anos. "Seguiremos investindo no mesmo ritmo em relação ao parque de equipamentos. Para este ano, estimamos entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões para este fim", acrescentou ele.