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Chineses reclamam por terem ficado de fora da IPO da Alibaba

A maioria dos cidadãos não tem as vastas qualificações nem os recursos financeiros necessários para investir em títulos registrados fora da China Continental


	Alibaba: sua oferta poderia ser a maior do mundo
 (Nelson Ching/Bloomberg)

Alibaba: sua oferta poderia ser a maior do mundo (Nelson Ching/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 11h45.

Hong Kong e Xangai - Zhou Nushi, uma operária aposentada de Xangai, gostaria de comprar ações da Alibaba Group Holding Inc. A empresa chinesa de comércio eletrônico está se preparando para realizar sua abertura de capital, que pode chegar a ser a maior venda inicial de ações da história.

O problema é que ela não pode. Como a maioria dos chineses, ela não tem as vastas qualificações nem os recursos financeiros necessários para investir em títulos registrados fora da China Continental. A Alibaba, com sede em Hangzhou, vai registrar suas ações nos EUA.

“Não entendo bem por que um chinês não pode investir numa companhia chinesa”, disse Zhou, vestida com shorts cinza, enquanto passava o tempo em frente ao monitor de ações de uma agência local da Guotai Junan Securities Co. em Xangai.

Embora os consumidores chineses tenham impulsionado o sucesso financeiro da Alibaba, a grande maioria deles ficará de fora na oferta de ações da companhia. Os investidores no continente não podem comprar diretamente ações no exterior devido a restrições do governo, e somente os mais ricos podem comprá-las indiretamente, através de programas de investidores certificados.

A Alibaba, que começou a promover suas ações na Ásia nesta semana, gerou tanto interesse que pretende aumentar o tamanho de sua abertura, disseram fontes do setor. Uma das fontes disse que o valor máximo da faixa de preços comercializada chegará a pouco menos de US$ 70. Antes, a Alibaba tinha proposto a faixa de US$ 60 a US$ 66, que arrecadaria até US$ 21,1 bilhões.

Sua oferta poderia ser a maior do mundo. Em 2010, o Agricultural Bank of China Ltd. arrecadou US$ 22,1 bilhões em vendas em Hong Kong e Xangai.

Papel ‘decisivo’

Apesar de o presidente Xi Jinping ter se comprometido em novembro a dar aos mercados um papel “decisivo” na economia de US$ 9 trilhões, o ente regulador de títulos do país ainda pressiona as empresas que desejam realizar aberturas a fixar os preços com cotações abaixo da média, num esforço para proteger os pequenos investidores.

A Alibaba se decidiu pela Bolsa de Nova York para sua abertura após considerar Hong Kong. A empresa deixou aberta a possibilidade de listar ações na China no futuro.

Os investidores chineses podem adquirir títulos estrangeiros indiretamente, através de algo conhecido como Programa de Investidores Institucionais Domésticos Qualificados. Tais fundos são administrados por gerentes de ativos que dão diretrizes amplas sobre em que planejam investir e depois escolhem ações específicas.

Esforços do governo

O governo está ansioso por atrair os chineses de volta ao mercado acionário a fim de reduzir os investimentos especulativos no mercado de propriedades e restringir os riscos ligados a produtos de gestão de riqueza regulamentados de forma laxa.

Desde março, investidores impulsionaram em 13 por cento o indicador de Xangai, e o ritmo de abertura de contas novas atingiu seu maior valor em quase seis meses na semana finalizada em 22 de agosto.

Contudo, o mercado doméstico está muito atrás das maiores bolsas do mundo.

As mudanças chegarão tarde demais para os investidores que desejam comprar ações na abertura da Alibaba. Sentado do lado de Zhou na corretora de Xangai, com um maço de cigarros “Double Happiness” na mão, estava o dono de uma pequena empresa de táxi de sobrenome Zhu.

“Eu sei que há algumas formas de comprar ações, mas é complicado demais”, disse ele. “Eu precisaria ter uma conta em dólares e não confio em alguns dos meios ilegais de comprar as ações”.

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