São Paulo – O mercado recebeu a aquisição da GRV Solutions pela Cetip (CTIP3) de forma muito positiva. A compra, fechada por 2 bilhões de reais, deve dobrar o tamanho da companhia e abrir o caminho para a entrada no mercado de registros de automóveis. O pagamento será feito com 1 bi de reais à vista, outros 555 mi de reais entregues em três parcelas corrigidas pelo IGP-M mais 2% e os 445 mi de reais restantes com a emissão de novas ações. Além disso, a empresa financiará 900 mi de reais com a emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações.
Os analistas não pouparam elogios para a tacada da Cetip e a avaliaram como uma aquisição “muito positiva”. Para os analistas Frederic de Mariz, Kenneth B. Worthington e Funda Akarsu, do JP Morgan, a GRV “é uma companhia com boas perspectivas de crescimento, competição limitada, altas barreiras de entrada, e margens muito elevadas”. O principal negócio da GRV é o de processar e de servir como custodiante para o registro de praticamente todos financiamentos de automóveis no país. Com isso, ela garante que um mesmo veículo não seja utilizado como garantia para mais de um empréstimo ao mesmo tempo.
A reação das ações na bolsa foi imediata. Após um pequeno período em leilão, os papéis da custodiante de ativos financeiros no mercado de balcão dispararam 12%, negociados aos 23 reais. Há instantes (12h10), as ações eram vendidas a 21,90 reais, uma alta de 6,83%. Além da complementaridade nos negócios, a Cetip e a GRV têm as mesmas instituições financeiras como os principais clientes. Segundo cálculos do Itaú BBA, a fusão tem o potencial de gerar um abatimento de 650 milhões de reais em impostos.
“Não vemos espaço para significantes sinergias de custos, mas é possível que as empresas se beneficiem de sinergias com receitas, uma vez que elas podem desenvolver novos produtos em conjunto para servir mercados que ainda carecem de automação, como o de hipotecas, e oferecer a estrutura apropriada para um melhor controle e execução das transações no futuro”, afirmam os analistas. “A transação vai remodelar a estrutura da companhia”, afirmaram os analistas Henrique Caldeira e Roberto Attuch, do Barclays.
Recomendações
O banco Barclays tem uma recomendação equal weight (alocação em linha com a média do mercado) e um preço-alvo de 21,50 reais para os papéis. O JPMorgan, por sua vez, tem uma indicação overweight (alocação acima da média do mercado) para as ações, com um preço-alvo de 22 reais. O Itaú BBA projeta um preço-alvo de 21 reais, com uma recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado).