Formato da operação de desinvestimento ainda não está definido, mas oferta subsequente de ações ("follow-on") é a tendência natural (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 3 de abril de 2019 às 16h30.
Última atualização em 3 de abril de 2019 às 16h38.
São Paulo — A elétrica mineira Cemig retomou de forma acelerada seus planos de desinvestir de sua controlada Light, com planos de anunciar algum negócio ainda no primeiro semestre, disse nesta quarta-feira, 3, o diretor de Gestão de Participações da Cemig, Daniel Faria Costa.
A Light chegou a assinar no ano passado um memorando de entendimento para a realização de uma oferta pública de papéis da companhia que seria ancorada por fundos liderados pela GP Investments, mas o negócio foi posteriormente cancelado por desentendimentos sobre preços a serem praticados na transação.
O executivo da Cemig afirmou, durante teleconferência com investidores e analistas, que o formato da operação de desinvestimento ainda não está definido, embora uma oferta subsequente de ações ("follow-on") seja "uma tendência natural".
Ele também não comentou se a Cemig venderia totalmente sua fatia de quase 50 por cento na Light ou se ainda continuaria como acionista da empresa, que é responsável pela distribuição de energia na região metropolitana do Rio de Janeiro e tem ainda negócios de geração.
"A gente quer pegar uma janela que vai no máximo até o meio do ano, a gente quer acelerar bastante esse processo... não está definido o formato final", disse Costa.
"A gente nunca parou de conversar com o mercado... mesmo depois do encerramento das negociações com a GP. Sentimos muito interesse por esse ativo. A gente espera ter taxas bastante atrativas", acrescentou ele, sem citar potenciais interessados.
A Cemig iniciou um ambicioso plano de vendas de ativos ainda em 2017, em meio a esforços para reduzir um elevado endividamento.
Em paralelo às negociações pela Light, a Cemig também está perto de fechar uma reestruturação de sua problemática controlada de geração limpa Renova Energia, disseram executivos da elétrica mineira.
A Renova, que enfrenta enormes dificuldades financeiras desde o fracasso de uma associação com a norte-americana SunEdison em 2015, anunciou em março acordos para reperfilar dívidas junto a seus controladores Cemig e Light e bancos.
A empresa também informou que aceitou uma proposta da AES Tietê para a compra de seu parque eólico Alto Sertão III, na Bahia, paralisado em fase final de construção devido à falta de recursos.
"Esperamos que seja concluído ainda antes de meados do ano", disse Costa.
Ele acrescentou ainda que, após as negociações, o fluxo para pagamento das dívidas da Renova ficará compatível com a geração de caixa da companhia.
"Temos confiança de que estamos encontrando o que a gente chama de solução definitiva para a Renova", afirmou o diretor da Cemig.
A reestruturação da empresa de energia limpa também envolverá a aquisição por Cemig e Light das ações dos fundadores da companhia, reunidas no CGI Fundo de Investimento, e uma oferta pública pela aquisição de papéis dos minoritários, que incluem o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar).