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Caso Facebook: Vale do Silício não rejeitará Morgan Stanley

Uma semana após o IPO do Facebook, o Morgan Stanley está contando com fatores positivos para combater a raiva dos investidores

O Morgan Stanley criticou a Nasdaq na quinta-feira pelos atrasos na distribuição de informações de transação no dia de estreia das ações (Spencer Platt/Getty Images)

O Morgan Stanley criticou a Nasdaq na quinta-feira pelos atrasos na distribuição de informações de transação no dia de estreia das ações (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2013 às 10h08.

San Francisco - O Vale do Silício não está preparado para rejeitar o Morgan Stanley, mesmo depois do fiasco na oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) do Facebook.

Seria possível imaginar que o papel desempenhado na maior operação de abertura de capital do setor de tecnologia excluiria o coordenador líder ou pelo menos o marginalizaria, mas os problemas de imagem gerados pelo caso talvez não tenham destruído a posição do Morgan Stanley como banco preferencial do Vale do Silício para organizar subscrições, de acordo com representantes do mercado financeiro.

Os motivos alegados variam desde o tamanho da oferta -de 16 bilhões de dólares- até a parcela de culpa que cabe à Nasdaq, passando pelo forte relacionamento criado por Michael Grimes, o principal executivo do Morgan Stanley para o setor de tecnologia, e sua equipe com algumas das mais bem sucedidas empresas e executivos de capital para empreendimentos na região de San Francisco.

Uma semana após o IPO do Facebook, o Morgan Stanley -de acordo com fontes no Vale do Silício- está contando com esses fatores positivos para combater a raiva dos investidores e os processos judiciais decorrentes da decisão de seu analista de reduzir as projeções de faturamento e lucro do Facebook alguns dias antes da abertura de capital, mas só informar os grandes clientes da empresa a respeito, em vez de divulgar as revisões de maneira mais ampla.


"Seria raro um caso em que alguém os exclua, se tiver a chance de contar com seus serviços", disse Scott Sandell, executivo de capital para empreendimentos na NEA, se referindo ao Morgan Stanley e ao seu principal rival no Vale do Silício, o Goldman Sachs.

O Morgan Stanley foi o maior coordenador de ofertas de ações do setor de tecnologia norte-americano no ano passado, subscrevendo 16 dos 37 IPOs realizados, segundo a Thomson Reuters, e vem mantendo a primeira posição até agora este ano.

Pelo menos outras seis companhias conhecidas de tecnologia que planejam abrir capital já selecionaram o Morgan Stanley para coordenar suas operações, entre elas, Palo Alto Networks e ServiceNow. Essas transações não devem ser postergadas ou canceladas, disseram fontes informadas sobre o assunto. Um porta-voz da Palo Alto Networks se recusou a comentar, e representantes da ServiceNow não foram localizados.

"Continuo a encarar o Morgan Stanley de modo muito positivo", disse Jef Graham, empresário experiente do setor de tecnologia que atualmente é presidente-executivo da RGB Networks, empresa de publicidade online em vídeo que pode abrir capital no ano que vem. Ele trabalhou com o banco em diversas fusões e aquisições.

Uma das razões é que as empresas de tecnologia sabem que os grandes fundos mútuos e outros investidores institucionais que compram grande parcela das ações emitidas respeitam o Morgan Stanley, em parte porque este é seletivo quanto às emissões que organiza.

"Ter os nomes do Goldman e do Morgan Stanley em sua oferta de ações vinha sendo um selo de aprovação, até recentemente", disse Tige Savage, executivo de capital para empreendimentos na Revolution.

Culpa - Alguns importantes investidores em tecnologia dizem que, embora o Morgan Stanley venha sendo culpado por alguns dos eventos sem precedentes ocasionados pelo IPO do Facebook, existem muitos outros culpados.

"Os serviços do Morgan Stanley são genéricos, e é difícil culpá-los especificamente porque há muita gente envolvida na decisão", disse um dos investidores sob condição de anonimato.

O Morgan Stanley criticou a Nasdaq na quinta-feira pelos atrasos na distribuição de informações de transação no dia de estreia das ações do Facebook em bolsa.


A linha final de defesa do banco, que vem circulando pelo Vale do Silício nos últimos dias, é que a abertura de capital do Facebook foi uma transação única -uma oferta de valor imenso no setor de mídia social, que continua a ser uma incógnita e poderia ter causado problemas a qualquer banco.

Ainda assim, o Morgan Stanley deve enfrentar questionamento mais severo depois do Facebook.

"O banco visto como o melhor conquistou a oferta do Facebook, e a percepção geral é de que não a conduziu perfeitamente", disse Savage. "Agora, eles têm uma questão a responder, o que no passado não acontecia".

Outro efeito dos problemas no Vale do Silício, segundo executivos financeiros, é que as companhias podem passar a solicitar orientação mais frequente e cuidadosa de todos os envolvidos em uma operação de subscrição, e não apenas do principal coordenador.

"Ter uma liderança conjunta para um IPO é um dos argumentos que emergiu dessa situação", afirmou um executivo de um banco de investimento rival.

Mas, por enquanto, a expectativa é de que o Vale do Silício continue a cortejar o Morgan Stanley.

"A marca do Morgan Stanley está um pouco maculada em relação à situação uma semana atrás. Mas isso não deve impedir que sejam escolhidos", disse um executivo de outro banco de investimento rival.

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