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Casino levanta R$ 2,11 bilhões com venda de sua fatia no Assaí

EXAME Invest apurou que a ação saiu a R$ 13,38, um prêmio de 5,5% sobre o preço inicial do leilão

Unidade do Assai, controlada pelo GPA, em São Paulo, SP (Paulo Whitaker/Reuters)

Unidade do Assai, controlada pelo GPA, em São Paulo, SP (Paulo Whitaker/Reuters)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 23 de junho de 2023 às 10h35.

Última atualização em 23 de junho de 2023 às 15h05.

O grupo francês Casino levantou R$ 2,11 bilhões na operação de blocktrade de sua fatia de 11,7% do Assaí (ASAI3), dizendo adeus à rede de atacarejos da qual já havia sido controlador. A ação saiu a R$ 13,38, um prêmio de 5,5% sobre o preço inicial do leilão, de R$ 12,68.

Os franceses tentam levantar recursos para melhorar sua liquidez, dado que a empresa acumula dívidas de 6,4 bilhões de euros.

O block trade funciona como um leilão e acontece em 24 horas. No caso de Assaí, o leilão acabou por volta das 10h20 e foram 157,6 milhões de ações oferecidas a investidores.  Como a demanda foi de mais 100% - ou seja, houve mais interessados do que ativos a serem vendidos -, o valor por ação subiu.

Dívidas bilionárias

Com dívidas bilionárias e risco de troca de controle, o grupo francês está buscando alternativas para reforçar sua liquidez. Embora a saída de um dos seus negócios mais rentáveis não pareça a resposta mais provável, esse foi um dos caminhos encontrados para o grupo levantar recursos.

Pessoas próximas às negociações do Casino, no entanto, afirmam que o uma resolução sobre a participação no GPA deve ser o passo seguinte na trajetória dos franceses. Há, ainda, a operação do grupo colombiano Éxito, que também tem reportado números operacionais mais fortes do que a rede dona do Pão de Açúcar, o que pode tornar esse ativo mais atrativo para potenciais compradores.

A Moody's estima que o Casino precisa pagar € 1,2 bilhão em dívidas que vencem até 2024 e mais € 1,8 bilhão com maturação em 2025. No total, são € 6,4 bilhões em dívidas. Na sexta-feira, 16, o grupo fechou um acordo com credores que deve evitar a declaração de calote de títulos de dívida da varejista francesa. Em comunicado, a Rallye Group, controladora da empresa e representada por Jean-Charles Naouri, informou que os investidores renunciaram ao direito de desencadear eventual default, direto ou indireto, que resulte da abertura do processo de conciliação intermediado pela Justiça francesa.

Em troca, os detentores dos papéis ganham o direito de poder se apropriar, a qualquer momento, de sua parte dos valores mobiliários da Casino mantidos em custódia ou determinar um agente fiduciário a vendê-los. Dois dias antes, a proposta bilionária feita pelo megaempresário theco Daniel Kretinsky recebeu apoio do trio de empresários franceses Xavier Niel, Matthieu Pigasse e Moez-Alexandre Zouari e do Grupo Fimalac. Em abril, Kretinsky, dono do grupo de energia europeu EP e segundo maior acionista do Casino, propôs um aumento de capital de € 1,1 bilhão, o que o colocaria no controle do grupo.

Oportunidade

De acordo com pessoas próximas ao negócio, essa pode ser uma oportunidade para acionistas que entraram no Assaí à época do IPO fazerem um melhor preço médio, como, por exemplo, a gestora Orbis que hoje detém 5,9% da empresa.

Analistas de mercado veem a ocasião como oportunidade de melhora da governança da empresa, que já vem nessa toada: do novo conselho, apenas duas cadeiras não são de membros independentes e uma delas é ocupada por indicação do Casino: Philippe Alarcon. Ainda é cedo, segundo pessoas próximas, para saber se Alarcon deva renunciar ao cargo, mas a possibilidade é entendida como alta, embora não seja imediatamente após a saída dos franceses do capital social da empresa.

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