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Captações externas levam à maior valorização do real em 3 meses

A moeda brasileira teve ganho de 6,9% sobre o dólar em janeiro

O real apresenta a maior valorização entre as principais moedas do mundo (David Siqueira/Stock.xchng)

O real apresenta a maior valorização entre as principais moedas do mundo (David Siqueira/Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2012 às 07h52.

São Paulo/Nova York - As captações de empresas brasileiras no exterior levaram o real a acumular a maior valorização mensal desde outubro.

A moeda brasileira teve ganho de 6,9 por cento sobre o dólar em janeiro. No mesmo período as empresas do País captaram US$ 5,3 bilhões em títulos em dólares no exterior, segundo dados compilados pela Bloomberg. As emissões de empresas brasileiras superaram os US$ 3,6 bilhões de companhias do México e US$ 1,5 bilhão do setor corporativo da Rússia.

O real apresenta a maior valorização entre as principais moedas do mundo. A recuperação da economia e a crescente especulação de que a Europa conseguirá conter sua crise de dívida levam as empresas brasileiras a acessarem os mercados internacionais de dívida. A taxa média das emissões corporativas do País caiu para 5,93 por cento ontem, o menor nível em quatro meses. A Petróleo Brasileiro SA pode captar US$ 6 bilhões com uma emissão de dívida no exterior, disse ontem a Fitch Ratings.

“O desempenho do real em janeiro foi influenciado principalmente pelo fluxo dessas empresas vendendo dívida em dólar no exterior”, disse Diego Donadio, estrategista para a América Latina do BNP Paribas Brasil SA, em entrevista por telefone de São Paulo. A corrida “foi resultado direto dos fundamentos do País e do ambiente global”, disse ele.

Enquanto o rendimento dos títulos de referência do governo com vencimento em 2021 subiu 17 pontos-base no mês passado, a valorização do real ajudou a aumentar o retorno em dólar da dívida local, segundo dados compilados pela Bloomberg. Papéis denominados em reais acumularam uma alta de 8 por cento em dólares no mês passado, em comparação com o avanço de 5,9 por cento para a dívida em moeda local de países emergentes, de acordo com dados do JPMorgan Chase & Co.

Captação da Petrobras

O real se recupera depois de despencar 11 por cento em relação do dólar em 2011. A queda foi parte da onda de vendas de ativos de países em desenvolvimento. O dólar chegou a cair para R$ 1,7320 em 26 de janeiro, o menor nível desde 4 de novembro. O peso mexicano acumulou uma alta de 6,8 por cento em janeiro.

A Petrobras pode fazer sua emissão internacional ainda hoje, disse uma pessoa familiarizada com os planos que pediu anonimato porque os termos da operação não estão fechados.

A empresa disse em nota por e-mail que não pode fazer comentários sobre a transação até que ela seja concluída.

A Petrobras levantou US$ 18 bilhões junto ao mercado de títulos e a bancos em 2011 para financiar investimentos e pretende captar uma quantia similar este ano, disse Almir Barbassa, diretor financeiro da estatal, em entrevista no mês passado.


‘Probabilidade crescente’

“Não vejo nada no ambiente de mercado que diga para não ir adiante se houver possibilidade”, disse em entrevista por telefone Michael Schoen, chefe de mercados de capitais de dívida para América Latina do Credit Suisse Securities LLC em Nova York.

O fluxo cambial ficou positivo em US$ 6,6 bilhões nas três primeiras semanas de janeiro, comparado a um fluxo negativo de US$ 1,9 bilhão em dezembro, segundo dados do Banco Central.

Marjorie Hernandez, estrategista de câmbio do HSBC Holdings Plc em Nova York, disse que o governo pode tentar limitar a valorização do real.

“Se a esta altura a valorização continuar, vemos probabilidade crescente de o Banco Central começar a intervir para proteger a faixa de R$ 1,65 a R$ 1,70”, disse Hernandez em entrevista por telefone. “O risco de intervenção impede uma apreciação contínua no médio prazo.”

A assessoria de imprensa do Banco Central disse que a instituição não comenta políticas futuras.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda disse por e-mail que não comentaria o assunto.

Retomada do crescimento

A produção industrial teve expansão de 0,9 por cento em dezembro, a maior alta em sete meses.

A economia brasileira cresceu em novembro no ritmo mais forte em 19 meses, revertendo a queda nos três meses anteriores, depois que o consumo deu impulso à atividade. O Índice de Atividade Econômica do BC, uma referência para o desempenho do Produto Interno Bruto, subiu 1,15 por cento em novembro na comparação com outubro, de acordo com relatório da autoridade monetária divulgado em seu website em 16 de janeiro.

O Banco do Brasil SA fechou uma captação de US$ 1 bilhão em títulos perpétuos denominados em dólar em 12 de janeiro, empatando com a Vale SA com as maiores emissões deste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O real tende a estender a valorização com empresas acelerando as captações externas e com o aumento do investimento estrangeiro direto, disse Donadio, do BNP.

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