Uma mulher caminha ao lado de uma coluna na sede da mineradora Vale, no Rio de Janeiro (Sérgio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2012 às 11h23.
São Paulo/Rio de Janeiro - A emissão de títulos de 30 anos da Vale SA sinaliza que os investidores estão preferindo papéis de empresas com notas de crédito mais altas depois que alguns calotes por parte de companhias com nota equivalente a junk diminuiu o interesse por títulos que pagam rendimentos maiores.
A mineradora, cuja nota A- pela Standard & Poor’s é a melhor do País, encerrou o período de um mês sem captações externas de empresas brasileiras ontem, ao emitir US$ 1,5 bilhão em papéis com vencimento em 2042. Foi a primeira captação da Vale com títulos de 30 anos desde 2009. A taxa de 5,68 por cento foi a menor já paga pela companhia em dívida de prazo similar, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Enquanto empresas com grau de investimento como a Vale captaram US$ 27,9 bilhões no exterior este ano, as emissões de empresas com grau especulativo caíram cerca de 56 por cento. A suspensão do pagamento de dívida pela Lupatech SA e pela Centrais Elétricas do Pará SA prejudicou a demanda. O Banco Cruzeiro do Sul SA, sob intervenção do Fundo Garantidor de Crédito, deve impor aos credores perdas de até 74 por cento em sua reestruturação.
“Ainda há apetite por títulos de dívida no Brasil, mas esse apetite está se deslocando para o que eles entendem como empresas de melhor qualidade”, disse George Strickland, que ajuda a administrar US$ 6 bilhões em renda fixa na Thornburg Investment Management Inc., em entrevista por telefone de Santa Fe, no Novo México. “Alguns grandes investidores estão reconsiderando seu apetite por crédito de alto risco em países como o Brasil à luz de algumas recentes recuperações judiciais.”
A assessoria de imprensa da Vale não quis fazer comentários sobre a captação antes do encerramento da oferta.