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Campos Neto concede rara entrevista ao Roda Viva em meio a ataques de governo Lula

Declarações desta noite deverão repercutir sobre o mercado no dia seguinte; taxas de juros, relação com Lula e metas de inflação devem ser abordadas

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Tuane Fernandes/Bloomberg/Getty Images)

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Tuane Fernandes/Bloomberg/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 13 de fevereiro de 2023 às 09h28.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2023 às 08h31.

Economistas, investidores e toda a população brasileira terão uma rara oportunidade nesta segunda-feira, 13, para saber o que pensa o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O programa da TV Cultura começará às 22h e, dependendo do que for dito, os impactos desta noite deverão reverberar sobre o mercado no dia seguinte.

Campos Neto, diferentemente de outros banqueiros centrais, não costuma conceder entrevistas. Nem mesmo coletivas, como prevê o formato do programa.

Chama ainda mais a atenção do mercado o contexto da rara entrevista. Nas últimas semanas, o economista foi alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incomodado com o atual patamar da taxa de juros.

Acompanhe a entrevista ao vivo:

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O que esperar da entrevista

Quando os juros começarão a cair será, nesta noite, uma pergunta óbvia -- embora a resposta não seja. Campos Neto tampouco deverá responder de forma clara, podendo condicioná-la à dinâmica da inflação e de suas expectativas. Mais do que ninguém ele sabe, afinal, que qualquer sinalização mais incisiva nesse sentido tem potencial de bagunçar as taxas de juros futuras negociadas no mercado financeiro.

Mas Campos Neto não terá muito como fugir das perguntas sobre seu relacionamento com o presidente Lula. Ataques diretos não seriam de seu feitio, mas espera-se que o presidente do BC corra em defesa da recém-aprovada independência da autarquia, que também chegou a ser questionada pelo governo petista. Em declaração recente, Campos Neto chegou a afirmar que, sem ela aprovada em lei, haveria muito mais volatilidade no mercado -- e isso o mercado concorda.

O que o mercado não concorda é com uma possível revisão das metas de inflação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que irá se reunir nesta quinta-feira, 16. Além do presidente do BC, compõem o CMN o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a do Planejamento, Simone Tebet.

Rumores de que Campos Neto apoiaria a revisão das metas para cima exerceram forte aversão ao risco na semana passada, derrubando a bolsa e fazendo o dólar subir. Nesta segunda, será a chance do presidente do BC negar a possibilidade e esclarecer a eventual necessidade de mudança de metas. Vale lembrar ainda que Campos Neto não conseguiu manter a inflação dentro da meta nos últimos dois anos em meio à alta de preços globais.

Mas antes mesmo de notícias sobre o possível apoio de Campos Neto à revisão de metas, a possibilidade de alteração foi criticada pelo próprio BC. Em ata da última reunião, divulgada no início da última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou que o mero debate sobre a revisão de metas poderia estar contribuindo para a deterioração das expectativas de inflação.

Após notícias sobre uma possível mudança de postura, economistas voltaram a revisar para cima as projeções de inflação para os próximos anos. Em boletim Focus desta segunda, o IPCA de 2024 subiu de 3,93% para 4% e o de 2025 de 3,5% para 3,6%.

O mandato do presidente do Banco Central, que acaba somente no fim de 2025, prevê que é sua função manter o controle sobre a inflação (e, consequentemente, sobre suas expectativas). Esta noite será também uma oportunidade para Campos Neto.

2º tempo

No dia seguinte, às 9h45, Campos Neto participará de uma segunda sabatina pública, desta vez, no evento BTG Conference. Sua participação será mediada pelo CEO do banco, Roberto Sallouti.

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