Caixa: criação de uma subsidiária operacional em cartões foi o caminho encontrado pelo banco estatal para se equiparar aos demais grandes bancos de varejo do país (Pilar Olivares/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 11h40.
Última atualização em 23 de janeiro de 2020 às 11h41.
São Paulo — A Caixa Cartões, braço de meios de pagamentos da Caixa Econômica Federal, pretende chegar a acordos de joint ventures em quatro linhas de negócios antes de se listar na B3 com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), disse o recém-nomeado presidente da companhia, Júlio Cesar Volpp.
Além das concorrências já conhecidas nas áreas de adquirência e de emissão de cartões de crédito e de débito, a Caixa Cartões também abrirá consultas de interessados em parcerias para cartões pré-pagos e para programas de fidelidade, afirmou Volpp.
"Ainda há muito espaço não preenchido no mercado de pagamentos", disse o executivo à Reuters, na primeira entrevista desde que assumiu no início desta semana o comando da Caixa Cartões, deixando a vice-presidência de varejo da Caixa Econômica.
A criação de uma subsidiária operacional em cartões foi o caminho encontrado pelo banco estatal para se equiparar aos demais grandes bancos de varejo do país, que têm operações próprias nessas áreas.
Em adquirência, por exemplo, a Caixa captura transações de cartões por meio de acordos operacionais com Cielo , de Bradesco e Banco do Brasil , e Rede, do Itaú Unibanco . O braço do Santander Brasil no setor é a GetNet.
De acordo com Volpp, apesar da multiplicação de adquirentes e subadquirentes no país nos últimos anos — atualmente há mais de 100, segundo dados do Banco Central — a Caixa pode aproveitar vastas regiões do país ainda pouco exploradas pela indústria, inclusive em municípios nos quais a Caixa é o único banco presente.
"A captura de pagamentos ainda não é plena no país", disse. "Também vemos oportunidades para explorar mercados ocupados por concorrentes."
O braço de pagamentos deve ser o segundo de uma lista de quatro subsidiárias da Caixa Econômica que o presidente do banco, Pedro Guimarães, pretende listar na bolsa.
O primeiro é a Caixa Seguridade, que no começo da semana anunciou uma joint venture em capitalização com a Icatu, após ter feito parcerias em outras áreas com Tokio Marine e CNP Assurances , em preparação para o IPO, previsto para abril.
Segundo informaram duas fontes com conhecimento do assunto, seis empresas estão participando da fase final da concorrência da Caixa Cartões em adquirência.
No negócio de emissão de cartões, duas empresas de bandeiras concorrem para formar joint venture com a Caixa. O desfecho de ambos os negócios deve ser anunciado nas próximas semanas, disseram as fontes, que preveem o IPO da unidade de cartões para setembro.
Volpp evitou comentar detalhes sobre o andamento da concorrência nessas áreas. Disse apenas que, quando a joint venture em adquirência entrar em vigor, acordos operacionais atuais que a empresa tem com Cielo e Rede cessarão em 30 dias.