Warren Buffett: "tarifas são como atos de guerra", diz o bilionário (Bank/NBCUniversal via/Getty Images)
Repórter de mercados
Publicado em 7 de abril de 2025 às 16h45.
A reação do mercado à política tarifária de Donald Trump levou ao derretimento das bolsas e a perdas bilionárias para os empresários. Queda de 10,5% no S&P 500 em apenas dois dias. Índice pan-europeu Stoxx 600 caiu até 6% no início da sessão. Perdas dos mercados globais de US$ 9,5 trilhões em três dias. Mas esse cenário pode piorar se o presidente dos Estados Unidos não negociar as tarifas, segundo as críticas de grandes nomes de Wall Street.
O megainvestidor e CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, fez um raro comentário público sobre a política comercial imposta pelo presidente Donald Trump.
“Já tivemos muita experiência com tarifas. Elas são um ato de guerra, em certo grau”, disse Buffett. A declaração foi dada em entrevista à jornalista Norah O’Donnell, da CBS News, para um documentário sobre a falecida editora do Washington Post, Katharine Graham.
Avaliado em US$ 161 bilhões pelo Índice de Bilionários da Bloomberg, Buffett afirmou: “Com o tempo, elas funcionam como um imposto sobre os produtos. A Fada do Dente não paga por elas!”
Entre 2018 e 2019, durante o primeiro mandato de Trump, Buffett já havia alertado que as ações agressivas dos Estados Unidos poderiam ter consequências negativas para a economia global.
Em resposta à CBS sobre o estado atual da economia, Buffett evitou dar uma resposta direta. “Acho que é o assunto mais interessante do mundo, mas não posso falar sobre isso. Realmente não posso,” disse ele.
O CEO do J.P. Morgan, Jamie Dimon, alertou que as tarifas ameaçam aumentar os preços, levar a economia global a uma recessão e enfraquecer a posição dos EUA no mundo.
O executivo também ressaltou que há uma crescente necessidade de investimentos em infraestrutura, reconfiguração das cadeias globais de fornecimento e fortalecimento militar. Para Dimon, esses fatores poderão "manter a inflação mais elevada do que o mercado projeta" e "forçar taxas de juros mais altas por mais tempo."
“Quanto mais rápido essa questão for resolvida, melhor, porque alguns dos efeitos negativos aumentam cumulativamente ao longo do tempo e seriam difíceis de reverter”, escreveu Dimon em carta a acionistas do banco.
"Essas forças significativas e em grande parte inéditas nos fazem ser muito cautelosos," alertou Dimon. Ele comentou que, mesmo com a recente queda nos preços de mercado, "os ativos continuam caros," o que aumenta o grau de vulnerabilidade da economia americana.
O bilionário Bill Ackman, fundador do fundo de hedge Pershing Square e um dos investidores mais influentes dos EUA, afirmou que o país está prestes a entrar em um “inverno nuclear econômico” em razão da política tarifária de Donald Trump.
Fundador do fundo de hedge Pershing Square, o bilionário Bill Ackman postou na rede social X uma crítica à nova política tarifária de Trump e sugeriu uma pausa para negociações.
“O mundo dos negócios é baseado em confiança e confiança depende de credibilidade.”
O bilionário destaca que “pequenas e médias empresas e empreendedores sentirão ainda mais dor.” Ele explica que quase nenhum negócio consegue repassar um aumento massivo e repentino de custos para seus clientes.
De acordo com Ackman, o presidente está perdendo a confiança dos líderes empresariais ao redor do mundo. As consequências para o país — e para os milhões de cidadãos que apoiaram o presidente, especialmente os consumidores de baixa renda, que já estão sob forte estresse econômico — serão extremamente negativas. “Não foi para isso que votamos.”
O empresário defende que Trump faça uma pausa de 90 dias para negociar e resolver acordos tarifários injustos. “O presidente tem, nesta segunda-feira, a chance de declarar uma pausa e ganhar tempo para consertar um sistema tarifário injusto. Caso contrário, estamos caminhando para um inverno nuclear econômico autoinfligido — e é melhor começarmos a nos preparar. Que a razão prevaleça.”
O copresidente do conselho e cofundador da Oaktree Capital, Howard Marks, relatou uma profunda incerteza sobre quase tudo, exceto a inflação. Para Marks, as tarifas impostas ajudaram a desencadear uma cascata de fatores desconhecidos, fazendo com que os investidores tivessem mais cautela ao escolher onde aplicar seu dinheiro.
“Sabemos muito menos hoje do que o normal” sobre o que precificar nas decisões de investimento, depois que a economia mundial foi “abalada como uma bola de neve pelos eventos dos últimos dias,” explicou o empresário em entrevista à Bloomberg TV.
Em uma rara postagem na rede social X, o bilionário Stanley Druckenmiller criticou a política tarifária e afirmou: “Não apoio tarifas acima de 10%.”
“Enquanto nos mantivermos na faixa dos 10%, os riscos são superestimados em relação aos benefícios,” disse em entrevista à CNBC. O CEO da Duquesne Family Office também considerou os tributos sobre importações como um imposto ao consumo, parcialmente pago por estrangeiros.
Fundador da Saba Capital, Boaz Weinstein afirmou em uma entrevista para a Bloomberg que a guerra comercial ameaça acelerar a venda de títulos de dívida corporativos e estimular uma onda de falências. “A avalanche está apenas começando.”