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BRF mantém preços apesar da alta de custos e ações caem 9,5%

A estratégia da BRF de não repassar o aumento dos custos aos consumidores, em razão da crise, desagradou aos investidores - e fez o papel da empresa despencar


	BRF: estratégia de não repassar o aumento dos custos aos consumidores, em razão da crise, desagradou aos investidores
 (Alexandre Battibugli/EXAME)

BRF: estratégia de não repassar o aumento dos custos aos consumidores, em razão da crise, desagradou aos investidores (Alexandre Battibugli/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2015 às 08h39.

São Paulo - A estratégia da BRF de não repassar o aumento dos custos aos consumidores no País, em razão da atual crise econômica, desagradou aos investidores, e fez o papel da empresa despencar no pregão de ontem. A companhia sinalizou ainda que esse plano será mantido no quarto trimestre, o que gerou preocupação com os resultados de 2015.

Segundo explicação de Flávia Faugéres, presidente das operações no Brasil, a manutenção dos preços é uma estratégia da empresa para marcar o retorno da marca Perdigão. Ela deixou claro que se trata de uma escolha, e não de uma dificuldade. A executiva indicou ainda que deve ocorrer repasse no ano que vem, no caso de alguns produtos. "Você não precisa atuar de forma igual em todas as categorias. Não preciso puxar o preço de determinados produtos da mesma forma que nas categorias premium", disse.

A expectativa da gerência da empresa é de que os frutos dessa estratégia venham em 2016. Os investidores não demonstram essa mesma confiança, a julgar pela queda das ações, que chegou a 12% ao longo do pregão e terminou com queda de 9,56%, a R$ 60,10.

O fato de os preços não terem acompanhado os custos foi uma das razões que levou a empresa a apresentar recuo de 5,1 pontos porcentuais na margem Ebit no Brasil no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2014, atingindo 5,7%.

Segundo profissionais do mercado, depois dos resultados divulgados pela BRF, o receio dos investidores da empresa com a concorrência aumentou. "Os preços não acompanharam os custos e isso foi um problema no balanço. O discurso da companhia ainda trouxe um viés de manutenção dos preços no restante do ano, o que desagradou ao mercado, porque provavelmente a margem do mercado interno neste ano será pior, em relação ao resultado do ano passado", explica Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.

A ausência, no resultado, da participação de mercado da companhia em relação aos concorrentes também fez aumentar a desconfiança dos investidores. "A empresa vinha apresentando o market share de produtos todo trimestre. Teria sido melhor que ela divulgasse o dado com as suas ponderações", diz Suzaki.

A explicação oficial para a ausência do dado é puramente técnica. Quando categorias da Perdigão saíram do mercado, a Nielsen, empresa responsável por essa mensuração, parou de contabilizar a marca. E quando essas categorias que estavam suspensas retornaram, a Nielsen demorou para reativar os códigos correspondentes. Só a partir do dia 1º de outubro esses códigos foram totalmente reativados.

Em relatório, analistas do BTG Pactual escreveram que a ausência da participação de mercado prejudicou a avaliação do impacto inicial da retorno da marca Perdigão. "Levando em conta os mercados internacionais, continuamos a ver com bons olhos o excelente desempenho até o momento, mas queremos saber qual será o próximo passo em termos de crescimento (possibilidade de fusão e aquisição?) e de reforço de margens em regiões nas quais a BRF ainda parece estar exposta a muitos fatores cíclicos e ao mercado de commodities", diz o documento.

A ação da BRF teve sua recomendação rebaixada pelos bancos Itaú BBA e Bank of America Merrill Lynch (BofA). O preço-alvo do papel atribuído pelos analistas do BofA sofreu uma drástica revisão, de R$ 80 para R$ 65 por ação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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