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Braskem espera que redução no spread petroquímico continue ao longo de 2022

Companhia teve prejuízo de R$ 1,4 bilhão no segundo trimestre, principalmente pela variação do câmbio no período

Braskem: crescimento no Brasil está relacionado ao aumento do PIB no restante do ano (Luke Sharrett/Bloomberg)

Braskem: crescimento no Brasil está relacionado ao aumento do PIB no restante do ano (Luke Sharrett/Bloomberg)

KS

Karina Souza

Publicado em 11 de agosto de 2022 às 14h22.

A Braskem espera que o spread petroquímico continue em queda durante o resto do ano. Essa é a visão de Pedro Freitas, CFO da companhia, durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (11). Lockdowns na China devem influenciar a maior parte do índice, enquanto outras regiões, como os Estados Unidos, devem manter um patamar mais saudável, na visão do executivo.

É um fato anunciado desde o início do ano, como apontam os analistas do BTG Pactual Pedro Soares e Thiago Duarte, em relatório divulgado hoje. Na expectativa deles - antes do call com os investidores - o spread deve continuar melhor no Brasil e nos Estados Unidos, ficando em patamares acima dos níveis históricos. É algo que já aconteceu no segundo trimestre e que ajudou a compensar os resultados menores no México no período.

A receita líquida da companhia registrou queda de 4% na variação anual, totalizando R$ 25,4 bilhões. Olhando mais de perto para os fatores operacionais, a taxa de utilização das plantas de PP registrou queda de 9 pontos percentuais na Europa e de 7 pontos percentuais nos Estados Unidos. Neste último, a queda é em função de paradas programadas para manutenção e de pequenas outras, não programadas.

As vendas de PP no país registraram aumento de 15% na variação anual, em função do consumo de estoque para venda.

Por último, a taxa de utilização das plantas de PE no México ficou 14 pontos percentuais menor, impactada por uma redução no fornecimento da Pemex e de uma parada não programada na região, gerada por instabilidade elétrica.

Nos três meses encerrados em junho, o Ebitda recorrente ficou 55% menor, para R$ 3,9 bilhões, em função principalmente do menor volume de vendas de principais químicos no Brasil, além de PP na Europa e PE no México. 

A cifra está em linha com a expectativa do BTG Pactual. O que surpreendeu o banco, segundo o relatório, foram as perdas líquidas de R$ 1,4 bilhão, principalmente relacionadas ao câmbio. “Nós acreditamos que as margens estão caindo em um ritmo mais gradual do que as expectativas de mercado apontavam inicialmente", afirmam os analistas. O prejuízo, segundo a companhia, foi principalmente relacionado à variação cambial no período, aumentando a dívida em reais e pesando no resultado final.

O banco ainda manteve a recomendação de compra para a companhia. "Nós esperamos que o spread se estabilize perto dos níveis de mid-cycle (não de downcycle), o que faz a projeção de EEV/Ebitda para 2022 de 3,9 vezes parecer bastante descontada, na nossa visão.

Novo terminal no México

Na apresentação à imprensa, o CFO da Braskem afirmou que a companhia fechou acordo com a Advario B.V. para a construção de terminal de etano no México. O investimento será de US$ 400 milhões (ainda não há detalhes de como será financiado) e a previsão de partida é no segundo semestre de 2024.

O principal ganho da nova planta será a capacidade de fornecimento: de 80 mil barris diários de etano (diante dos 66 mil da companhia, hoje).

Brasil 

Em relação às provisões para Alagoas, a companhia afirmou, durante a conferência, que já desembolsou R$ 5,4 bilhões até junho de 2022 e que 12.961 propostas foram pagas, o que corresponde a 67% do total estimado para o programa.

A redução do imposto de importação, anunciada há cerca de uma semana - e que derrubou as ações da companhia na data - também foi alvo de perguntas durante a conferência. Em resposta, o executivo reforçou que a medida deve ser revista e que a companhia está revisando o portfólio de investimentos no país. O tom é o de que não há ainda uma conclusão, mas o cenário atual deve intensificar essas conversas. A decisão também levará em consideração a redução do volume de produção no país. “Se fosse há dez anos, antes de a Braskem ter diversificação geográfica, isso teria um impacto bastante forte. Mas hoje acaba sendo menos preocupante para a companhia como um todo”, diz o executivo. 

Em vendas, o CFO destacou que a expectativa no país depende muito da evolução do PIB no período. A distribuição de auxílio emergencial pode colaborar, uma vez que acelera consumo de bens duráveis (que consequentemente levam componentes de plástico) na visão da companhia. 

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