Sede da Standard & Poor's: "o país tem de fazer ajustes fiscais que estão embutidos na nossa avaliação", disse (Scott Eells/Bloomberg/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2014 às 13h25.
São Paulo - A Presidente da Standard & Poor's Ratings Services Cone Sul, Regina Nunes, afirmou nesta sexta-feira, 14, que o Brasil não corre o risco de deixar de ser grau de investimento no curto prazo. Segundo ela, o que poderia causar esse rebaixamento esta exclusivamente ligado à política fiscal.
"Se estivesse no nosso horizonte que o Brasil pudesse ser rebaixado em um curto espaço de tempo, isso estaria refletido na classificação. O Brasil deixar de ser grau de investimento está exclusivamente ligado à política fiscal. O País tem de fazer ajustes fiscais que estão embutidos na nossa avaliação", disse ela durante palestra no 35º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, promovido pela Associação Brasileira das Entidades de Previdência Complementar (Abrapp).
Regina explicou, em conversa com jornalistas, que o Brasil tem margem para melhorar em termos de política fiscal e ferramentas para fazer sua lição de casa, que inclui um esforço na política fiscal e migração da inflação para o centro da meta.
De acordo com ela, a S&P baseou o downgrade da classificação em março de 2014 na previsão de que o Brasil não conseguiria ter uma performance fiscal muito melhor da que teve.
"Muitos dos números que o Brasil apresenta hoje já estavam embutidos na nossa análise, como os de energia e infraestrutura", ressaltou Regina.
A presidente da S&P afirmou ainda que a baixa geração de emprego no Brasil tende a ter reflexos no curto prazo. "Embora o Brasil ainda não tenha desemprego elevado, a baixa geração de novos empregos Pode impactar no crescimento da economia à medida que os investimentos não crescem", destacou.
A S&P espera que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro seja de 0,5% este ano e de 1,5% em 2015. Para 2016, a agência projeta expansão da economia de 2,5% e de 3,0% em 2017.
Sobre a situação externa do Brasil, Regina afirmou que apesar de o País ter altas reservas, há deterioração, uma vez que as exportações estão crescendo menos.
"O País já fez vários anos superávit, mas exporta pouco e precisa melhorar suas relações com o mercado internacional o máximo que puder, seja exportando mais ou se posicionando como um jogador, importando mais também", avaliou.
Petrobras
Ainda de acordo com Regina, o atraso no balanço da Petrobras não impacta o rating da companhia que acompanha a nota do País.
"A avaliação da Petrobras está vinculada à do governo federal em função da sua necessidade de investimento bastante alta, que tem que se financiar no mercado e, se não financiar, tem apoio do governo", explicou ela.
O rating independente da Petrobras é BBB- e não tem perspectiva, mas mesmo se estivesse abaixo ainda assim acompanharia o soberano em função da sua necessidade de investimento, de acordo com Regina.
Ela destacou ainda que até o presente momento a Petrobras acessa o mercado com precificações abaixo do seu rating e não tem necessidade de acessá-lo agora.
"Quando a Petrobras precisar acessar o mercado, a companhia não vai precisar de recursos a mais do que os esperados em termos de capitalização ou do próprio governo", analisou a presidente da S&P.
Regina disse ainda que a S&P acompanha a Petrobras muito de perto não só por conta do governo, mas porque a companhia é um cliente da agência. "O rating não teve modificação até o presente momento em função disso (atraso balanço)", concluiu ela.