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Brasil foi o primeiro a elevar juros e vai ser o primeiro a baixar, diz Campos Neto

"O Brasil é um dos poucos países a precificar queda dos juros em breve", disse Campos Neto

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Patricia Monteiro/Getty Images)

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Patricia Monteiro/Getty Images)

O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, participou nesta quinta-feira, 18, ao Macro Day, evento anual organizado pelo BTG Pactual (BPAC11).

Campos Neto falou que o Brasil foi o primeiro país a elevar os juros para responder à inflação global, e vai ser o primeiro a começar a cortar os juros.

"O Brasil é um dos poucos países a precificar queda dos juros em breve", disse Campos Neto, salientando como "o Banco Central do Brasil atuou primeiro e atuou mais forte".

Segundo o economista, a expectativa inicial era que a inflação iria ser "mais persistente", e isso teria motivado uma alta mais forte dos juros.

"Tínhamos uma forte percepção na época que o problema era de oferta, ligado com as limitações de mobilidade, e que iria se normalizar muito rapidamente após resolver o problema de mobilidade. Mas isso não ocorreu", explicou.

Falando sobre a resposta do Federal Reserve (Fed), que aumentou os juros em resposta a uma inflação persistente para tentar "esfriar" a economia, Campos Neto salientou como a grande pergunta é se "a desaceleração econômica será sincrônica com a queda da inflação".

Campos Neto expressa otimismo e preocupação com a economia brasileira

O presidente do Banco Central se mostrou otimista com a situação macroeconômica do Brasil, salientando como as previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) já supera levemente 2% em 2022, assim como o desemprego que deverá ficar abaixo de 9% no ano, mesmo se a participação da força de trabalho está aumentando.

Além disso, Campos Neto disse acreditar que "o fluxo de investimentos estrangeiros no Brasil vai aumentar, seja pelo contexto geopolítico tanto pelo que está acontecendo pela parte macroeconômica".

"Nunca vi um banqueiro central recebendo ligações de CEOs de grandes empresas americanas que querem se instalar no Brasil. Mas é isso que está acontecendo comigo", disse Campos Neto, salientando o interesse de empresas estrangeiras em investir no Brasil.

Entretanto, ele também demonstrou preocupação com a situação fiscal, especialmente no financiamento de programas sociais, que começaram como emergenciais e que estão se tornando permanente.

"Existe hoje uma incerteza sobre a forma de financiamento dos programas sociais", explicou o banqueiro central, salientando como qualquer vencedor nas eleições de outubro "terá um grande desafio, devendo olhar para o social e, ao mesmo tempo, olhar para o fiscal, para a estabilidade das contas públicas".

Todavia, Campos Neto também explicou que "sempre há um problema de fiscal no Brasil. É algo que já vimos há quatro anos, nas últimas eleições, e sempre foi o mesmo. A gente trabalha sempre com a sustentabilidade da dívida, mas devemos olhar também para o social e para o equilíbrio da dívida ao mesmo tempo".

"Devemos fazer o dever de casa fiscal, passando mensagem de responsabilidade, conduzindo a política monetária de forma vigilante e com cautela. Dessa forma, podemos podemos nos diferenciar. Parte das críticas são injustas. Quando vou em fórum internacionais eu recebo mais elogios do que criticas", salientou o presidente do Banco Central.

Mandato no Banco Central vai terminar em 2024

Campos Neto esclareceu que não pretende ficar à frente do Banco Central após o final de seu mandato, que termina em 2024.

"Não serei reconduzido. Sou contra a recondução, que não considero saudável pois ela cria uma fragilidade no meio do mandato, já que o banqueiro central que terá interesse em ser reconduzido será menos independente dos governos", explicou o presidente do Banco Central.

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