As ações, que estrearam com o preço de 12 reais em 2006, hoje são negociadas em torno dos 90 centavos. (.)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2010 às 15h07.
São Paulo - Chega de sustos aos investidores da Brasil Ecodiesel (ECOD3) na BM&F Bovespa? Desde novembro de 2006, quando realizou a sua venda inicial de ações, a empresa tem oscilado bastante, tanto nas decisões da sua administração quanto com os seus papéis negociados em bolsa. As ações, que estrearam com o preço de 12 reais, hoje são negociadas em torno dos 90 centavos. Apesar de estar listada há quase 4 anos, a empresa prefere destacar o período iniciado a partir de 17 de agosto de 2009.
Nesta data, a companhia alterou a sua diretoria e entrou na fase de "nova" Brasil Ecodiesel. A tentativa de se livrar de um passado conturbado pode ser vista, por exemplo, no relatório do resultado do último trimestre do ano passado. "A reestruturação e as mudanças na gestão e da composição do Conselho de Administração permitiram descortinar novas perspectivas para o futuro da empresa e o início da implantação de uma nova estratégia", mostra o texto. Desde que a nova editoria tomou o posto, as ações da empresa subiram cerca de 9%, passando de 82 centavos para 90 centavos. Além disso, a empresa voltou ao lucro no primeiro trimestre.
Selo Social
Na semana passada, a empresa sofreu um novo revés depois de não conseguir reverter a suspensão do Selo Social de duas das quatro usinas. A ausência do Selo, concedido pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário, impossibilita a participação do lote que comercializa 80% do volume de biodiesel disponibilizado nos leilões trimestrais da ANP (Agência Nacional do Petróleo). "O atrativo de ter o selo é o de participar do lote com volume maior. O problema do lote que vende os 20% restantes é que as empresas têm sido agressivas nos descontos oferecidos", explica o analista da corretora Planner, Victor de Figueiredo.
"Até poderíamos tentar novos recursos, mas não vamos fazer. Já estamos trabalhando para regularizar essa pendência", explica o presidente da Brasil Ecodiesel, Mauro Cerchiari. O executivo garante que as outras duas unidades devem continuar com o selo. "Não temos expectativa de sermos penalizados nas outras", afirma. Segundo ele, as unidades sem o selo serão reavaliadas no começo de 2011, momento no qual poderão receber outra vez o Selo Social.
"A decisão desfavorável do STJ já era aguardada pelo mercado, mas o papel da companhia foi penalizado", destaca a analista da Lopes Filho Consultores, Leila Almeida. No ano, os papéis da Brasil Ecodiesel já recuaram 17,4%. O Ibovespa, no mesmo período, caiu 6,3%. Muitos investidores desistiram das ações da empresa por conta do alto risco atrelado às operações. "Não temos mais. Vendemos exatamente por isso. É um risco muito grande para tê-las na carteira", afirma Jair Melo, gestor da Queluz Asset. A Brasil Ecodiesel preferiu ficar de fora do segundo lote no último leilão para preservar a rentabilidade.
A expectativa é de que a partir de agora as notícias negativas deem um tempo para a fabricante de biodiesel. "O que poderia acontecer de mais negativo já está aí", aposta Figueiredo. A Brasil Ecodiesel planeja, daqui para frente, diversificar a base de produção de biodiesel em outras oleaginosas para diminuir a dependência da soja. "Optamos por um divórcio com relação à mamona, que foi um erro das gestões anteriores, e agora estudamos o uso do óleo de palma, pinhão manso e o crambe", diz o presidente.
Enquanto isso, Cerchiari busca alternativas no segmento da soja. "Queremos anunciar, ainda este ano, novidades nas parcerias", diz.
Força na bolsa
A força da Brasil Ecodiesel na bolsa foi demonstrada recentemente com a eleição das ações da companhia para o Ibovespa, o principal índice de ações da bolsa brasileira. Os papéis da empresa entraram para o seleto grupo principalmente pela atuação dos investidores pessoas físicas, que deram a liquidez necessária para que a companhia chegasse ao famoso índice. A empresa está agora na lista das mais negociadas da bolsa com uma base de 90% de investidores individuais, que controlam 50% do capital da companhia. O número de acionistas passou de 9.500 em 2008 para mais de 28 mil em março de 2010.