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Brasil deve ter menos IPOs neste ano que na crise pós-Lehman

Faltando menos de três meses para o fim de 2012, a bolsa brasileira registrou apenas três IPOs neste ano


	Interior da bolsa brasileira de valores, a Bovespa: se a previsão se confirmar, o Brasil terá apenas três IPOs este ano, ante quatro ofertas públicas iniciais realizadas em 2008
 (Nacho Doce/Reuters)

Interior da bolsa brasileira de valores, a Bovespa: se a previsão se confirmar, o Brasil terá apenas três IPOs este ano, ante quatro ofertas públicas iniciais realizadas em 2008 (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2012 às 23h40.

São Paulo - O número de ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) no Brasil neste ano deve ser inferior --ou no máximo igualar-- ao registrado em 2008, quando teve início a crise financeira global com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers.

Faltando menos de três meses para o fim de 2012, a bolsa brasileira registrou apenas três IPOs neste ano --da fabricante gaúcha de móveis planejados Unicasa, da empresa de aluguel e venda de veículos Localiza e do banco de investimentos BTG Pactual.

Embora outros três pedidos ainda estejam em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na avaliação do mercado é pouco provável que essas operações sejam realizadas ainda neste ano.

Se a previsão se confirmar, o Brasil terá apenas três IPOs este ano, ante quatro ofertas públicas iniciais realizadas em 2008, ápice da crise financeira global, segundo dados da BM&FBovespa.

Depois do péssimo ano, o mercado mostrou uma leve recuperação entre 2009 e 2011 --com seis IPOs em 2009, 11 em 2010 e outros 11 em 2011--, mas ainda ficou muito abaixo do pico registrado em 2007, quando 64 companhias estrearam na Bovespa.


No início de 2012, banqueiros e a BM&FBovespa mostravam otimismo com as perspectivas para novas ofertas no Brasil --o presidente-executivo da bolsa, Edemir Pinto, disse a jornalistas em fevereiro que esperava até 45 IPOs neste ano.

Mas um cenário de muitas incertezas internacionais afastou empresas do mercado de ações. A contínua fraqueza da economia global, os desdobramentos da crise da dívida europeia e a possibilidade de um "abismo fiscal" nos EUA são fatores que pesaram no mercado.

"Esse não é um ambiente ideal para um IPO ou qualquer tipo de emissão no mercado", disse o economista Gustavo Mendonça, da gestora de recursos Saga Capital.

"A tendência do investidor é ter um perfil mais conservador num ambiente de tantas incertezas, o que diminui a atratividade de comprar ações de uma empresa que está estreando na bolsa", acrescentou.

Mesmo os primeiros sinais de uma melhora na economia brasileira e os últimos cortes da taxa básica de juros --o que, em tese, motivaria investidores a assumir mais riscos em busca de rentabilidade--, não têm se mostrado suficientes para tornar atrativas novas ofertas.

"Ainda falta a variável externa ficar mais positiva para que os IPOs deslanchem", disse o sócio líder de mercados estratégicos e emergentes da Ernst & Young Terco, André Viola Ferreira.

As condições globais desfavoráveis, agravadas por um cenário setorial negativo --reflexo da intervenção do governo no setor de energia--, levaram a CPFL Energias Renováveis a desistir neste mês de seu IPO, sinalizando que pode voltar a considerar uma oferta em 2013, caso as condições de mercado melhorem.

"Para que se adiantar para fazer um IPO agora se o cenário para a economia pode ser mais favorável no começo do ano que vem?", argumentou o sócio na Humaitá Investimentos Guido Chagas, citando que é possível que o cenário externo esteja mais definido a partir de 2013.


"Se a Espanha formalizar um pedido de ajuda, se tivermos um acordo na Grécia, se China e Estados Unidos mostrarem números econômicos melhores... Se tudo isso acontecer, então você pode ter um possível espaço para IPOs", disse Chagas.

Hesitação

Ao desistir do IPO neste ano, a CPFL Energias Renováveis juntou-se a uma lista que inclui nomes como as operadoras de turismo CVC e Brasil Travel, a empresa de infraestrutra Isolux e a companhia de petróleo e gás Seabras, unidade brasileira da norueguesa Seadrill.

Apenas três companhias seguem com pedido de análise de oferta primária em aberto na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - AutoBrasil, que atua na compra e venda de carros usados, a rede de drogarias Pague Menos e a VIX Logística.

Mas a deterioração das condições do mercado tem feito companhias hesitarem em levar adiante seus planos, segundo informações do IFR, um serviço da Thomson Reuters. A VIX Logística, por exemplo, deve adiar para dezembro seu IPO, com o qual pode levantar cerca de 600 milhões de reais. Já a oferta da Pague Menos, com estimativa de movimentar 998 milhões de reais, deve ficar só para 2013.

Também no exterior as ofertas primárias de ações minguaram em 2012. Segundo dados da Ernst & Young Terco, as 615 ofertas realizadas no mundo nos nove primeiros meses do ano levantaram 85,7 bilhões de dólares. Em igual período de 2011, foram 970 ofertas e 140,7 bilhões de dólares.

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