Octavio de Lazari, CEO do Bradesco: avaliação do banco é que o pico da inadimplência ficou para trás (Patricia Monteiro/Bloomberg)
Repórter de Invest
Publicado em 10 de novembro de 2023 às 14h58.
Última atualização em 10 de novembro de 2023 às 15h03.
Um ano depois do início da escalada da inadimplência nos resultados do Bradesco (BBDC4), o cenário agora é outro.“O pior ficou para trás: atingimos o pico da inadimplência”, disse o CEO Octavio de Lazari em coletiva com jornalistas nesta sexta-feira, 10. O indicador, que vinha sendo o principal desafio do banco nos últimos resultados, mostrou uma leve tendência de baixa no terceiro trimestre frente aos três meses anteriores.
O índice de inadimplência longa, acima de 90 dias, caiu 0,1 ponto percentual (p.p.) frente ao último trimestre. Já o indicador curto, de 15 a 90 dias, que representa as safras de clientes mais recentes, caiu 0,3 p.p. na comparação trimestral. “Já vemos melhora na inadimplência curta. É uma tendência que devemos colher daqui para frente, a partir do quarto trimestre”, afirmou o CEO.
Lazari expôs as principais barreiras do banco em etapas. A primeira foi a margem financeira com o mercado – o lucro do banco com operações de tesouraria –, que virou para o positivo no trimestre passado. O segundo ponto foi justamente o mais sensível, a inadimplência. E o próximo desafio é a margem com os clientes, que representa o resultado das operações de crédito.
A margem total do terceiro trimestre foi de R$ 15,9 bilhões, uma queda de 2,6%. A pressão veio da margem com clientes, que caiu 9,6% em base anual. “Resolvemos o assunto da margem com o mercado, isto é página virada. Entendemos também que atingimos o pico da inadimplência. Agora, o foco é melhorar a margem com o cliente”, disse o CEO.
A carteira de crédito expandida do banco chegou aos R$ 877,5 bilhões, leve queda de 0,1% em 12 meses e avanço de 1% na comparação trimestral. Frente ao trimestre passado, o maior ponto de pressão foi o segmento de pequenas e médias empresas, que caiu 1,1% no período com a postura mais conservadora do banco.
A expectativa é de retomada, ainda que a passos mais lentos. “[A recuperação da] margem com cliente não vem do dia pra noite, é natural que se leve mais tempo”, concluiu.
Último bancão a apresentar seus resultados, o Bradesco teve um lucro líquido de R$ 4,621 bilhões no segundo trimestre do ano, uma queda de 11,5% na comparação anual. Frente ao trimestre passado, o lucro da empresa subiu 2,3%.
O balanço divulgado na última quinta-feira, 9, ficou em linha com o consenso de mercado da Bloomberg, que estimava um lucro de R$ 4,679 bilhões.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) do Bradesco, que indica a capacidade do banco de rentabilizar seu capital, ficou em 11,3%, baixa de 1,7 pontos percentuais (p.p.) frente ao mesmo período do ano anterior. O indicador subiu 0,2 p.p. ante o trimestre anterior, mas ainda segue distante do patamar dos 20% alcançado pelos pares Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3).
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