Bovespa: no mês, o índice acumula perda de 9,46 por cento (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 17h51.
São Paulo - A Bovespa fechou em queda nesta quarta-feira pelo terceiro dia consecutivo, com o Ibovespa renovando mínima desde março, abaixo dos 50 mil pontos.
A queda dos papéis da Petrobras exerceram forte pressão negativa no índice, em meio à queda acentuada do petróleo e à apreensão de investidores quanto a potenciais desdobramentos de ações judiciais contra a empresa nos Estados Unidos.
O quadro desfavorável no exterior também abriu espaço para realização de lucros em ações com relevante peso no índice, como as dos bancos Itaú e Bradesco, que acumulam valorização próxima de 30 por cento no ano em 2014.
O recuo de Vale também pesou, com preço do minério de ferro negociado na China aproximando-se do piso em mais de cinco anos, enquanto dados de inflação chinesa corroboraram o cenário de desaceleração do país.
TIM Participações, por sua vez, disparou no final da sessão e fechou em alta de 11,3 por cento, após reportagem da Bloomberg de que as rivais Oi, a Telefónica, dona da Vivo, e Claro, preparam oferta de 15 bilhões de dólares pela operadora.
Nesse contexto, o Ibovespa fechou em baixa de 1,29 por cento, a 49.548 pontos, no menor patamar de fechamento desde 26 de março. O giro financeiro do pregão somou 5,5 bilhões de reais.
No mês, o índice acumula perda de 9,46 por cento. "A pressão em commodities está bem visível no mercado local, com Petrobras e Vale liderando as quedas, a despeito dos patamares já deprimidos", observou o operador Thiago Montenegro, da Quantitas Asset Management.
No ano, as preferenciais da Petrobras e da Vale acumulam perda de 33 a 44 por cento, respectivamente. "A nova equipe econômica ainda está lenta em mobilizar a confiança dos agentes, mas acho que o que está sendo preponderante é o cenário de excesso de oferta de commodities para os próximos anos e o quanto as grandes empresas brasileiras estão no contrapé do ciclo", avaliou.
Em Wall Sreet, a queda das ações do setor de energia pressionavam os principais índices acionários, preços do petróleo voltavam a atingir a mínima em cinco anos. O S&P 500 caía 1,35 por cento, enquanto o contrato de petróleo nos EUA encerrou em baixa de 4,5 por cento, a 60,94 dólares o barril.
O petróleo foi pressionado, entre outros fatores, pela previsão da Opep de menor demanda para a commodity em 2015. Nesse ambiente, as ações da Petrobras renovaram os menores níveis desde 2005, com as preferenciais caindo 4,7 por cento, a 10,83 reais, e as ordinárias recuando 4,17 por cento, a poucos dias da divulgação do balanço não auditado do terceiro trimestre na sexta-feira.
No front corporativo, Cemig caiu 3,3 por cento, após a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Assusete Magalhães pedir vista no processo que analisa a prorrogação da concessão da hidrelétrica Jaguara por mais 20 anos.
ALL fechou em alta de 1 por cento após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgar parecer contra a união da transportadora ferroviária e da Rumo Logística, do grupo de infraestrutura e energia Cosan.
Para a equipe da corretora Brasil Plural, o acordo será aprovado com restrições, que poderiam dar maior transparência sobre preços, tarifas e volumes movimentados por tipo de carga, com o cenário mais negativo contemplando exigência de garantias pelo Cade de capacidade para determinados setores.
Em nota a clientes, o BTG Pactual citou como positivo para a ALL a notícia de que a Conab elevou em 5,8 por cento a previsão da safra de soja do Brasil 2014/15, para um recorde de 95,8 milhões de toneladas.
Fora do Ibovespa, Eneva caiu 33,8 por cento após a empresa de energia elétrica controlada pela alemã E.ON entrar com pedido de recuperação judicial porque não conseguiu renovar acordo com bancos credores.