Mesmo com índice positivo, analistas dizem que medida pode afetar empresas ligadas ao consumo doméstico e bancos (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2011 às 10h39.
São Paulo - A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu o dia próxima da estabilidade, em leve alta, com os investidores reagindo às medidas anunciadas ontem pelo governo para conter o crédito no Brasil. Os agentes estão atentos ainda à evolução dos preços das commodities (matérias-primas) no mercado internacional, o que pode aliviar a pressão sobre as ações de Petrobras e Vale. Às 10h14 (horário de Brasília), o índice Bovespa (Ibovespa) já mostrava um movimento mais consistente e subia 0,33%, para 69.406 pontos.
"Os 70 mil pontos são para agora, mas o avanço da Bolsa depende das atitudes do governo", avalia o diretor da Ativa Corretora, Álvaro Bandeira. Ele comenta que a sucessão de medidas paliativas que vêm sendo tomadas pelo governo nas últimas semanas traz certa cautela sobre os negócios locais, inibindo os agentes, diante da resistência do real e das pressões inflacionárias. "Uma hora o governo pode usar a mão de ferro e acabar afetando os mercados mais que o necessário", ressalta.
Segundo análises de especialistas, a decisão anunciada ontem à noite pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1,5% para 3% nas operações de crédito à pessoa física pode afetar empresas ligadas ao consumo doméstico e bancos. Já o setor de construção civil pode seguir em recuperação, pois os financiamentos imobiliários não foram atingidos - a menos que o crédito mais caro para as famílias tenha algum efeito psicológico sobre a decisão de comprar a casa própria.
Mas Bandeira acredita que o apetite ao risco no exterior deve estimular a Bolsa hoje. Ele lembra que a agenda norte-americana traz como único destaque a divulgação dos estoques e das vendas no setor atacadista em fevereiro, às 11 horas. Além disso, o avanço do petróleo para novas máximas em 30 meses e os ganhos dos metais básicos tendem a favorecer as ações de primeira linha brasileiras. Petrobras e Vale ainda sofrem com eventos internos. A mineradora permanece influenciada pelas dúvidas do mercado quanto à interferência do governo na gestão da empresa. Hoje, a Vale anunciou que fará uma oferta de US$ 1,125 bilhão pela africana Metorex.
Do lado da Petrobras, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o preço da gasolina se estabilizará, sem necessidade de reajustes. Ele disse ainda que solicitou ao presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, que a companhia produza mais etanol. Lobão quer que a Petrobras se torne uma reguladora do mercado do combustível derivado da cana-de-açúcar, adicionando pressão sobre a Cosan. As ações da companhia sucroalcooleira vêm reagindo em baixa à notícia de inclusão do etanol na lista de combustíveis a serem fiscalizados e controlados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).