BM&FBovespa: o Ibovespa caiu 3,03 por cento, a 44.336 pontos, menor nível desde 8 de abril de 2009 (REUTERS/Nacho Doce)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2015 às 18h04.
São Paulo - A Bovespa fechou a segunda-feira com o seu principal índice em queda de 3 por cento e no menor patamar em mais de seis anos, afetado pela onda de aversão a risco nos mercados globais, devido a temores crescentes com a economia chinesa.
O Ibovespa caiu 3,03 por cento, a 44.336 pontos, menor nível desde 8 de abril de 2009. O giro financeiro totalizou 8,2 bilhões de reais, acima da média diária do ano de 6,7 bilhões de reais. No pior momento, logo após a abertura, o índice de referência do mercado acionário brasileiro desabou 6,50 por cento, caindo abaixo de 43 mil pontos.
A reação na bolsa brasileira acompanhou a redução das perdas nas praças acionárias no exterior, que voltaram a perder fôlego no final do pregão, mas ainda assim fecharam acima das mínimas do dia. Nos Estados Unidos, o S&P <.SPX> fechou em queda de 3,94 por cento, após recuar mais de 5 por cento no pior momento do dia. Na Europa, o FTSEurofirst 300 recuou 5,44 por cento.
A liquidação de ativos de risco como ações e commodities foi deflagrada por nova queda acentuada nas bolsas chinesas, visto que as medidas do governo para frear a desaceleração da atividade da segunda maior economia do mundo não têm surtido efeito. O índice da bolsa de Xangai caiu 8,5 por cento.
"Passado o 'modo pânico', a bolsa tende a reagir um pouco conforme os investidores começam a fazer contas", disse o chefe da mesa de renda variável da corretora de um banco estrangeiro em São Paulo, que pediu para não ser identificado. O quadro político doméstico também esteve no radar, com anúncio de que o governo federal fará uma reforma administrativa que deve incluir a redução de 10 dos 39 ministérios existentes, entre outras medidas.
Também repercutiu a saída do vice-presidente Michel Temer da articulação política do governo, segundo disse à Reuters uma fonte próxima ao setor de articulação do Planalto.
DESTAQUES
Vale: fechou com queda de 7,96 por cento nas preferenciais de classe A, em meio a temores sobre a China, uma vez que uma desaceleração mais forte naquele país tende a impactar negativamente os preços de commodities. Os preços do minério de ferro na China recuaram nesta segunda-feira, com os contratos futuros atingindo limite diário de queda. Na mínima, Vale PNA caiu 11,6 por cento.
Usiminas: caiu mais de 10 por cento, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa, também afetada pelas apreensões ligadas à economia chinesa, com relatórios do Itaú BBA e do Credit Suisse negativos sobre o setor siderúrgico. No caso do Itaú BBA, o analista abre sua análise afirmando que boas notícias para as siderúrgicas e mineradoras brasileiras são improváveis por ora. CSN perdeu 7,21 por cento e GERDAU cedeu 7,38 por cento.
Petrobras: encerrou com recuo de 6,51 por cento nas preferenciais em meio ao declínio acentuado dos preços do petróleo no exterior. Na mínima da sessão, a Petrobras PN chegou a recuar mais de 9 por cento.
Itaú Unibanco: também devolveu parte das perdas e fechou o dia em baixa de 1,97 por cento, enquanto o BRADESCO encerrou em queda de 1,76 por cento.
Tim: recuou 6,33 por cento, também afetada pela notícia de que a TELEFÔNICA BRASIL não está mais disposta a fatiar a companhia controlada pela Telecom Italia e mira a Sky, do grupo AT&T, segundo reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira.
OI caiu 9,67 por cento, com o Credit Suisse avaliando, em nota a clientes, que a notícia sobre a Telfônica Brasil também é negativa para a operadora, pois uma potencial compra da empresa não é mencionada. Além disso, o Goldman Sachs cortou previsões e o preço-alvo do ADR (recibo de ação negociado nos EUA) da empresa de 1,60 para 0,60 dólar, citando que a estratégia da empresa de preservar a lucratividade e o caixa no curto prazo vai gerar impacto negativo nos resultados do médio e longo prazos. NATURA avançou 2,18 por cento e CIA HERING ganhou 1,17 por cento, as únicas ações a fecharem no azul. Ambas estão na lista de papéis difíceis de encontrar para alugar, o que pode amparar a alta das mesmas. No caso da Cia Hering, há também o efeito da notícia recente de que a gestora Gávea Investimentos ampliou para 5,32 por cento sua participação nas ações da varejista.