BM&FBovespa: Ibovespa subiu 1,78%, a 49.601 pontos (REUTERS/Nacho Doce)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2015 às 18h04.
São Paulo - A bolsa paulista fechou com em alta nesta terça-feira, quebrando uma série de sete pregões de perdas, com o quadro externo favorável amparando uma correção técnica no Ibovespa apesar do corte na perspectiva do rating brasileiro pela agência de classificação de risco Standard & Poor's.
O Ibovespa subiu 1,78 por cento, a 49.601 pontos.
O giro financeiro totalizou 7,2 bilhões de reais. A S&P manteve a classificação de crédito do Brasil de longo prazo em moeda estrangeira em "BBB-", o nível mais baixo do grau de investimento, mas revisou para "negativa" a perspectiva da nota, ante "estável", sinalizando que um rebaixamento é possível nos próximos 12 a 18 meses.
Para o ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, atualmente à frente da área de economia do Brasil Plural, é perfeitamente concebível que o país termine o ano com o rating soberano no fio da navalha entre o grau de investimento e o grau especulativo de acordo com as três agências de rating.
"Esse é um cenário pior do que havíamos previsto anteriormente, de um ou dois rebaixamentos até o limite (do grau de investimento), mas com no máximo uma agência atribuindo uma perspectiva negativa", disse em nota a clientes.
O gestor Eduardo Roche, da Canepa Asset Management, afirmou que a ação da S&P abre espaço para apostas de ação eventualmente mais dura por parte da Moody's. "O risco de um rebaixamento direto da Moody's da nota brasileira para o grau especulativo, que era altamente improvável, ganha força agora", afirmou.
A expectativa sobre cortes na nota soberana do país ganhou força na última semana, após o governo federal revisar drasticamente para baixo metas fiscais. Dados de fluxo externo na Bovespa corroboram a aversão ao mercado acionário, com saída superior a 1 bilhão de reais nos dias 23 e 24 de julho.
O Ibovespa tocou a mínima do dia logo após o anúncio da S&P, marcando 48.740 pontos, após ter subido mais de 2 por cento pela manhã, na máxima do dia. O índice de referência do mercado acionário local, porém, retomou o fôlego mais para o final da sessão.
Profissionais do mercado financeiro atribuíram a resiliência da bolsa a uma correção técnica, após o Ibovespa testar importantes suportes gráficos em dólar, que o mantiveram em níveis próximos a 2008. A alta em Wall Street, onde o S&P 500 subiu 1,24 por cento, foi mais um suporte. Investidores em Nova York mudaram o foco de atenções da turbulência no mercado acionário chinês para resultados corporativos, também especulando sobre uma aguardada alta dos juros nos EUA não vir até dezembro.
DESTAQUES
=VALE disparou na segunda etapa do dia, com as preferenciais avançando 6,14 por cento e as ordinárias saltando 7,94 por cento no fechamento. O avanço dos preços do minério de ferro da China, com siderúrgicas recompondo estoques e com uma queda no volume depositado em portos daquele país, deu suporte aos ganhos, com agentes também na expectativa do resultado trimestral da companhia na quinta-feira. Projeções compiladas pela Reuters apontam lucro de 408 milhões de dólares entre abril e junho deste ano, interrompendo sequência de três trimestres consecutivos de prejuízo líquido. Ainda assim, o valor é 71 por cento inferior ao reportado no mesmo período do ano passado.
=CSN saltou 10 por cento, também encontrando suporte no noticiário chinês para correção após atingir na véspera a menor cotação de fechamento desde 8 de julho de 2005. O setor siderúrgico no Ibovespa como um todo teve um dia de ajustes, com USIMINAS avançando 8,29 por cento e GERDAU ganhando 5,88 por cento.
=PETROBRAS também quebrou uma série de sete pregões de queda e terminou com as preferenciais em alta de 4,84 por cento e as ordinárias com ganho de 5,37 por cento, a despeito da falta de tendência única nos preços dos contratos futuros do petróleo. O Brent recuou e o WTI subiu. Nos últimos sete pregões, a ação preferencial da Petrobras acumulou declínio de 20 por cento. Também repercutiu reportagem do jornal O Estado de S.Paulo de que o Conselho de Administração da estatal aprovou reestruturação e venda de ativos da subsidiária Transportadora Associada de Gás (TAG) em reunião na última sexta-feira. "A venda de ativos não resolverá a questão de alavancagem do balanço, mas dará a companhia algum espaço para respirar", disse o HSBC. =ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO recuperaram os ganhos passada a reação negativa inicial à decisão da S&P e ajudaram na alta, fechando com elevação de 1,84 e de 1,26 por cento, respectivamente, após fortes perdas recentes no setor, enquanto BANCO DO BRASIL caiu 0,14 por cento. Bradesco abre a temporada de resultados entre os grandes bancos na quinta-feira, ao lado de SANTANDER BRASIL, que avançou 2,72 por cento. =BRASKEM avançou 12,47 por cento, após despencar mais de 10 por cento no fechamento da segunda-feira, afetada pela repercussão negativa de denúncia do Ministério Público Federal envolvendo contrato de nafta da petroquímica com a Petrobras.
=ELETROBRAS terminou com as preferenciais em queda de 1,3 por cento, com o noticiário ligado à companhia trazendo que a Polícia Federal prendeu o presidente licenciado da Eletronuclear, subsidiária da empresa, em ofensiva que marca a chegada formal da operação Lava Jato ao setor elétrico. A investigação da fase batizada como "Radioatividade" se concentra em contratos firmados por empresas já mencionadas na Lava Jato com a Eletronuclear, inclusive em licitação para as obras da usina nuclear de Angra 3.
=DURATEX subiu 2,04 por cento, após a empresa de insumos para a construção civil divulgar queda de 34,5 por cento no lucro líquido do segundo trimestre sobre o mesmo período de 2014. O Bank of America Merrill Lynch destacou que o Ebitda ficou um pouco acima das suas previsões, amparado em dados sobre painéis de madeira, enquanto a unidade Deca desapontou em termos de custos e volumes. "Continuamos a ver um cenário desafiador, com pouca visibilidade acerca de demanda e manutenção das pressões de custo", disse o analista Thiago Lofiego em nota a clientes.
=BR MALLS cedeu 0,24 por cento, em meio à repercussão de dados operacionais do segundo trimestre, que mostraram que as vendas totais nos seus shoppings tiveram leve alta na comparação anual, para 5,4 bilhões de reais. O Credit Suisse avaliou que os dados foram neutros, considerando positivo o número sobre vendas das lojas satélites, enquanto apontou negativamente aumento da inadimplência.
=VIA VAREJO, que não está no Ibovespa, caiu 3,93 por cento, após a companhia divulgar prejuízo líquido de 13 milhões de reais no segundo trimestre. A corretora Brasil Plural destacou que se trata do primeiro prejuízo da empresa desde 2011 e chamou atenção para a deterioração de vendas, dado o cenário macroeconômico ruim somado à comparação difícil com ano passado em razão de venda de TVs para Copa do Mundo. GRUPO PÃO DE AÇÚCAR , que controla a Via Varejo e divulga seu balanço após o fechamento, subiu 1,56 por cento.