Bovespa: às 10h05, o Ibovespa caía 0,29%, aos 51.246,38 pontos, na mínima (Paulo Fridman/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2013 às 10h55.
São Paulo - A atuação diária do Banco Central a partir desta sexta-feira, 23, via leilões de swap cambial e de linha até o fim do ano, também pode trazer reflexos na Bovespa hoje, diante da intenção da autoridade monetária de estabilizar a cotação do dólar.
As ações de exportadoras podem passar por um ajuste e realizar parte dos ganhos recentes, ao passo que uma previsibilidade maior da taxa de câmbio tende a atrair o fluxo de capital externo.
Com a agenda econômica externa mais fraca no exterior, o desafio dos negócios locais se dá na tentativa de encerrar a semana no azul. Às 10h05, o Ibovespa caía 0,29%, aos 51.246,38 pontos, na mínima.
O programa de atuação no mercado cambial, anunciado na quinta-feira, 22, à noite pelo BC, prevê a realização de leilões de swap cambial de segunda a quinta-feira no valor diário de US$ 500 milhões somado a leilões de linha, com compromisso de recompra, às sextas-feiras, no valor de US$ 1 bilhão.
A operação se estenderá até 31 de dezembro de 2013 e, se necessário, poderá haver vendas adicionais. Na primeira reação do mercado de balcão à medida, o dólar caiu a R$ 2,3820, na cotação mínima da manhã, até o momento, em queda de 2,30%.
Em relatório, a equipe de analistas do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas (Depec) do Bradesco aponta como mais importante do que o pacote em si está a sinalização de promover a confiança dos agentes financeiros e reduzir a volatilidade e a pressão sobre o câmbio.
Para o gestor de renda variável da Fides Asset Management, Jacques Zonichenn, é exatamente a tentativa da autoridade monetária de estabilização do câmbio que é vista como positiva. "Isso dá certa previsibilidade", avalia.
Nesse sentido, operadores veem a possibilidade de uma entrada maior recursos estrangeiros na Bolsa, já que em dólar a desvalorização da renda variável brasileira está em torno de 30%.
É válido lembrar que a última vez que houve saída de capital externo na Bolsa foi em 9 de agosto, o que abriu espaço para um superávit dessa conta em pouco mais de R$ 2 bilhões apenas neste mês até o último dia 20. Além disso, no mercado futuro, a aposta dos "gringos" na alta do Ibovespa superou a marca de 10 mil contratos em aberto, desde a última quarta-feira, 21.
Zonichenn observa, contudo, que um dos possíveis ajustes dos investidores à ação do BC é "colocar no bolso um pedaço do lucro recente" das ações de empresas brasileiras exportadoras de matérias-primas, em meio à escalada do dólar. Em contrapartida, os analistas da Um Investimentos lembram que a medida para conter a desvalorização do real pode influenciar nas ações das companhias nacionais com alto endividamento em moeda estrangeira, como a Petrobras.
"Estimamos um impacto positivo para as empresas que possuem operações atreladas à moeda norte-americana e com pouca proteção cambial", afirmam, em relatório.
Aliás, os investidores seguem na expectativa em torno do aumento nos preços dos combustíveis. Ontem, as ações da estatal petrolífera avançaram mais de 5%, cada, em meio a essa possibilidade. Entretanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem à noite que, apesar de a alta do dólar pressionar os custos da Petrobras, não há necessidade de um aumento automático na gasolina e no óleo diesel.
No exterior, o fortalecimento do dólar frente às moedas de países exportadores de bens primários é interrompido, o que beneficia as commodities, também refletindo as perspectivas de maior crescimento global. Entre as bolsas, os índices acionários em Wall Street e na Europa oscilam entre margens estreitas, com o mercado dividido entre o maior crescimento econômico global e a iminente retirada dos estímulos monetários pelo Federal Reserve.
Ainda às 10h05, o futuro do S&P 500 subia 0,07%, antes da divulgação do único indicador previsto para o dia, sobre as vendas de moradias novas em julho.