BM&FBovespa: o Ibovespa fechou em queda de 0,78%, a 47.076 pontos (REUTERS/Nacho Doce)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2015 às 17h00.
São Paulo - A Bovespa fechou em baixa nesta terça-feira, pregão de agenda de indicadores e volume de negócios reduzidos, com a apreensão sobre o cenário político e econômico doméstico pesando, após três sessões consecutivas de alta.
O Ibovespa perdeu 0,78 por cento, a 47.076 pontos, tendo chegado a subir 0,6 por cento no melhor momento do dia, pela manhã, e perdido 1,74 por cento na mínima.
O giro financeiro foi de 5,76 bilhões de reais. Com a agenda fraca e a queda apenas limitada das bolsas dos Estados Unidos e da Europa, o que influenciou os movimentos do mercado foi principalmente a apreensão sobre o quadro político e econômico brasileiro, disse o economista Hersz Ferman, da Elite Corretora.
"A melhora da Bovespa dos últimos dias foi muito por conta do cenário externo. O interno não mudou e está com cara de estar piorando", afirmou. Na sua avaliação, a concentração do noticiário em pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff tem deixado para segundo plano a necessidade de equilibrar as contas do governo e promover mudanças fiscais.
Nesta terça-feira, três fontes afirmaram à Reuters que o governo vai mudar a meta de superávit primário deste ano para reconhecer um déficit, que pode chegar a 50 bilhões de reais, e avalia incluir ainda a possibilidade de elevar esse número caso haja novas frustrações de receitas. Quanto à presidente Dilma, a oposição adiou para quarta-feira o protocolo na Câmara dos Deputados do novo pedido de impeachment.. As ações de Itaú Unibanco e Bradesco, com peso relevante no Ibovespa, foram as maiores pressões de baixa sobre o índice.
DESTAQUES
=CEMIG, CESP e CPFL, do setor elétrico, ganharam, respectivamente, 5,73, 4,12 e 2,21 por cento, em meio a expectativas do mercado sobre a participação de empresas no leilão de hidrelétricas existentes que o governo federal promoverá em 6 de novembro. A ação ordinária da ELETROBRAS ganhou 0,78 por cento, após o presidente da estatal dizer que a empresa participará no certame, mas sem papel de protagonista. A Aneel autorizou nesta terça-feira reajuste tarifário da CPFL Piratininga e da distribuidora gaúcha CEEE, além da minuta de contrato para renovar as concessões de distribuidoras que vencem entre 2015 e 2017.
=SUZANO e FIBRIA recuaram 5,84 e 4,19 por cento, respectivamente. Operadores afirmaram que os papéis passaram por movimento de realização de lucros, uma vez que acumulam alta no ano de cerca de 60 por cento. "O dólar mais fraco no exterior, que favorece a valorização do real e a queda dos preços da celulose no mercado chinês, levaram investidores a realizar parte dos ganhos recentes nos ativos", disse a Guide Investimentos em relatório.
=VALE caiu 2,05 por cento nas preferenciais, em dia de recuo dos preços do minério de ferro no mercado à vista da China para nova mínima de quase três meses. Além disso, o papel reagiu a projeções do mercado para o balanço da companhia, segundo o gerente de renda variável da H. Commcor, Ariovaldo Santos. Analistas consultados pela Reuters projetam prejuízo no terceiro trimestre, com a mineradora pressionada principalmente pelos baixos preços da commodity e por efeitos contábeis da forte valorização do dólar ante o real na dívida da companhia.
=GAFISA, que não integra o Ibovespa, subiu 1,72 por cento após anúncio de dados operacionais do terceiro trimestre, quando os lançamentos subiram 19 por cento e as vendas contratadas líquidas mais que dobraram. Na visão de analistas do BTG Pactual, o segmento de baixa renda Tenda continua sendo o ponto alto dos resultados, com performance sólida de vendas, enquanto os resultados da marca Gafisa não animaram. MRV ENGENHARIA caiu 1,72 por cento, também depois de divulgar dados operacionais, com lançamentos maiores e recuo nas vendas.
=CSN perdeu 6,43 por cento, maior queda percentual entre as empresas que fazem parte do Ibovespa, com o mercado ainda repercutindo dados do Instituto Aço Brasil (IABr) divulgados na véspera mostrando queda de 13 por cento na produção brasileira de aço bruto em setembro sobre o mesmo mês do ano passado.