Sede da BM&FBovespa, em São Paulo: bolsa rendeu mais que o dólar no mês, que caiu 1,74 por cento frente o real em abril (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2014 às 18h28.
São Paulo - A Bovespa fechou em baixa nesta quarta-feira, mas garantiu o segundo ganho mensal consecutivo em abril, conforme ações de estatais continuaram avançando.
Para maio, contudo, a tendência é indefinida, com especialistas divididos sobre se o índice deve continuar respondendo positivamente a pesquisas eleitorais que mostram queda nas intenções de voto na presidente Dilma Rousseff.
O Ibovespa caiu 0,41 por cento neste pregão, a 51.626 pontos. O giro financeiro do pregão somou 7,5 bilhões de reais. Em abril, o índice acumulou ganho de 2,4 por cento, seu segundo mês seguido de alta.
No período, a bolsa rendeu mais que o dólar, que caiu 1,74 por cento frente o real em abril, e mais que o CDI, cujo rendimento acumulado foi de 0,77 por cento.
Depois de subir 7,05 por cento em março, o Ibovespa não definiu tendência firme em abril, e ficou confinado à faixa entre os 50 mil e os 52 mil pontos.
Pesquisas eleitorais, como a divulgada pela CNT nesta semana, têm apontado para queda na aprovação e intenções de voto na presidente Dilma. Os resultados favoreceram ações de empresas estatais, consideradas alvo de intervenção excessiva do governo. As ações preferenciais da Petrobras acumularam alta de 11,52 por cento em abril e as da Eletrobras de 15,90 por cento.
Ao mesmo tempo, papéis ligados a commodities, como da mineradora Vale e de siderúrgicas, caíram no mês diante de perspectivas piores para a economia chinesa. Ações como a da produtora de aços planos Usiminas também foram desfavorecidas por projeções modestas de executivos para a demanda interna.
"Depois do rali, vemos indefinição. A queda da Dilma nas pesquisas não foi um 'trigger' tão forte para romper os 52 mil pontos e, apesar dos fundamentos da economia estarem deteriorados, o índice não caiu para baixo dos 50 mil pontos", disse o analista Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos.
Nesse contexto, a bolsa continua com perspectiva indefinida para maio, com participantes do mercado divididos sobre se o mercado vai continuar subindo em reação às pesquisas eleitorais.
"Ainda não começou de fato a campanha na televisão, os candidatos da oposição são pouco conhecidos. Essa queda na aprovação da Dilma pode começar a passar mais para as intenções de voto, o que ainda vai fazer preço na bolsa", disse o economista Hersz Ferman, da Elite Corretora.
Já o chefe da mesa premium da Votorantim Corretora, Rafael Espinoso, considera que o mercado pode ter exagerado na reação positiva. "O mercado já pôs isso demais no preço dos ativos", disse.
Para Espinoso, apesar de não haver sinais claros sobre a direção do mercado, é possível que investidores estrangeiros tentem segurá-lo no patamar atual após terem ingressado com quase 2 bilhões de reais na Bovespa em abril.
"O investidor estrangeiro está bastante comprado no mercado à vista e no futuro então pode ter um pouco de defesa de posições. O investidor local perdeu o barco e não está apostando na bolsa acima dos 52 mil pontos, então o índice tem encontrado resistência forte nesse nível", resumiu.
O grande fator de risco para a bolsa continua sendo a desaceleração mais forte da economia chinesa, com a queda dos preços do minério de ferro internacionais. A Vale, que tem a China como seu principal mercado, divulgou nesta quarta-feira queda de 19 por cento no lucro líquido em dólares no primeiro trimestre na comparação anual. "É o risco internacional mais comentado no mercado hoje", disse Ferman, da Elite Corretora.