A Bovespa entrou no chamado bear market em 27 de julho, após cair 20% em relação a tendência de alta mais recente (Luciana Cavalcanti/Você S.A.)
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2011 às 14h21.
São Paulo - O Ibovespa tem a maior queda desde maio de 2010 e lidera o derretimento dos mercados globais, puxada pelos produtoras de commodities e resultados abaixo do esperado nos balanços.
O Ibovespa recuava 4,9 por cento para 53.254 pontos às 13:41, após atingir baixa de 6 por cento, a maior entre os 91 índices de ações do mundo acompanhados pela Bloomberg. A MMX Mineração e Metálicos SA e a LLX Logística SA, controladas pelo bilionário Eike Batista, recuavam 13 por cento e 11 por cento respectivamente, as maiores baixas do índice. Nenhum dos 66 componentes do Ibovespa operava em alta.
“As pessoas estão em um desespero que eu não vejo há muito tempo”, disse Greg Lesko, que administra US$ 800 milhões na Deltec Asset Management em Nova York. “É uma venda generalizada. Ninguém vendeu cedo o suficiente da última vez então estão vendendo agora”, disse ele, em referência a crise financeira de 2008.
A Bovespa entrou no chamado bear market em 27 de julho, após o principal indicador da bolsa brasileira cair 20 por cento em relação a tendência de alta mais recente, que teve pico em novembro. "O investidor acaba lembrando de 2008, e compara, pois foi o último momento de estresse que tivemos assim, fora o flash crash em 2010”, disse Felipe Casotti, gestor de renda variável da Máxima Asset Management, no Rio de Janeiro.
Novas regras
As medidas cambiais anunciadas no mercado de derivativos na semana passada é um dos motivos para que a bolsa brasileira cai mais que as americanas e europeias, segundo o Casotti. “As mudanças de regras sempre afetam, porque os gringos não gostam e saem.”
A queda internacional das commodities ajuda a intensificar a baixa do Ibovespa frente a outros índices, devido ao peso das empresas desse setor na bolsa brasileira, segundo Felipe Brandão, analista para mercados emergentes da ICAP Brasil.
O euro se desvaloriza depois que o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, dizer que os riscos de inflação “se mantêm altos” e o nível de incertezas continua “particularmente alto”.
Mais cedo, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas disse que o Índice de Preços ao Consumidor no Município de São Paulo subiu 0,3 por cento em julho na comparação mensal, superando a projeção mediana de 21 economistas consultados pela Bloomberg, que era de uma alta de 0,27 por cento.
O iene teve a maior queda desde outubro de 2008 após o banco central japonês intervir no mercado para conter a valorização cambial que poderia ameaçar a recuperação da terceira maior economia do mundo. O Banco do Japão vendeu ienes, seguindo ação promovida ontem pelo banco central suíço, que cortou inesperadamente os juros para deter a alta do franco. Preocupações com a economia mundial vinham levando os investidores a buscar refúgio no iene e no franco, assim como no ouro.