Instabilidade: "A percepção de risco com emergentes vem aumentando e isso é potencializado pelo quadro eleitoral indefinido, o que abre espaço para incertezas", afirmou Fabio Carvalho, da CM Capital Markets (Patricia Monteiro/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 24 de maio de 2018 às 13h39.
Última atualização em 24 de maio de 2018 às 15h37.
São Paulo - O tom negativo prevalecia na bolsa brasileira na manhã desta quinta-feira, com as ações da Petrobras despencando mais de 10 por cento, em meio a preocupações sobre a influência política na empresa, após a estatal reduzir o preço do diesel em razão dos protestos dos caminhoneiros.
Às 12:16, o Ibovespa caía 1,64 por cento, a 79.542 pontos. Na mínima da sessão até o momento, o índice recuou 2,28 por cento. O volume financeiro era de 7 bilhões de reais.
Na visão do chefe da mesa de renda variável da CM Capital Markets, Fabio Carvalho, a percepção de risco com emergentes vem aumentando e, no Brasil, isso é potencializado pelo quadro eleitoral indefinido, o que abre espaço para incertezas sobre questões regulatórias que necessitam convergência política.
"Se havia dúvida de como o governo reagiria em algum momento de instabilidade, o que aconteceu com a Petrobras e também a Eletrobras nos últimos dias foi uma sinalização não acertada", disse.
Dados sobre o fluxo para o segmento Bovespa também continuam mostrando saída líquida de capital externo. Até o dia 21, o saldo estava negativo em 2,785 bilhões de reais em maio.
Wall Street endossava o viés negativo no pregão brasileiro, com o S&P 500 em baixa de 0,7 por cento, tendo no radar decisão do presidente norte-americano Donald Trump de cancelar um encontro planejado com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un e com o recuo das ações de bancos e queda de preço do petróleo também pesando nos negócios.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON desabavam 12,4 e 11,8 por cento, respectivamente, em meio à reação negativa dos investidores à decisão da companhia de reduzir preços em razão dos protestos dos caminhoneiros. Analistas cortaram a recomendação dos papéis da companhia, citando preocupação com aumento dos riscos de interferência política na estatal, entre eles os do Credit Suisse, Morgan Stanley e Itaú BBA. "As regras do jogo mudaram", destacou André Hachem, do Itaú BBA.
- ELETROBRAS PNB e ELETROBRAS ON recuavam 7,3 e 4,7 por cento, respectivamente, ainda pressionadas pela frustração dos investidores com a dificuldade do governo para seguir adiante com a privatização da companhia.
- BANCO DO BRASIL recuava 2,6 por cento, liderando as perdas do setor bancário no Ibovespa. A ação do banco estatal tende a sofrer mais em momentos de preocupação com riscos políticos no país. BRADESCO PN perdia 0,6 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN caía 0,25 por cento. SANTANDER UNIT cedia 1,1 por cento.
- GOL PN recuava 2,8 por cento, conforme o dólar voltava a se valorizar ante o real, uma vez que a companhia aérea tem a maior parte de suas despesas operacionais atreladas à moeda norte-americana. A companhia também divulgou que está aplicando medidas de contingência em toda operação em razão dos impactos dos protestos, "mantendo as ações necessárias para minimizar os impactos aos seus clientes".
- BRASKEM tinha alta de 5,84 por cento, apoiada em expectativas relacionadas a aquisição do controle da petroquímica, após o jornal Valor Econômico noticiar que a holandesa LyondellBasell preparou uma nova proposta à Odebrecht para comprar o controle da Braskem, avaliando a petroquímica brasileira em 41,5 bilhões de reais. A Braskem disse que a Odebrecht negou ter recebido proposta da LyondellBasell.
- VALE tinha acréscimo de 0,58 por cento, depois de ter subido 2 por cento mais cedo, tendo como pano de fundo a alta dos preços do minério de ferro na China.
- SUZANO valorizava-se 5,5 por cento, encontrando na valorização do dólar ante o real suporte para a recuperação após queda nos três pregões anteriores.